O espetáculo Até Quando, protagonizado por Jussara Miller e Cora Laszlo, será apresentado neste domingo (9), às 19h, no Teatro do SESI Campinas. A entrada é gratuita, e os ingressos estão disponíveis no site Meu SESI.
Na performance, mãe e filha — ambas bailarinas e coreógrafas premiadas — dançam um diálogo entre gerações, transformando o envelhecimento em arte. A obra contrapõe a sabedoria e a firmeza da mãe à leveza e ao impulso da filha, simbolizando a continuidade entre passado e futuro.
A beleza do envelhecer em movimento
Jussara Miller explica que o espetáculo de dança contemporânea aborda o etarismo e a passagem do tempo no corpo, reunindo duas gerações de mulheres em cena. “Cora, minha filha, tem 30+, e eu, 50+. Juntas, queremos mostrar a vitalidade do envelhecer, já que, na sociedade, o envelhecer da mulher costuma ser negado, tanto socialmente quanto pelas próprias mulheres.” Para Jussara, “o trabalho fala sobre a beleza do envelhecer” e representa “uma honra dividir o palco com a filha pela primeira vez.”
Trajetórias unidas pela arte e pela dança
Jussara é mestre e doutora em Artes pela Unicamp, professora da PUC-SP e fundadora do Salão do Movimento, em Campinas. Autora de livros e vencedora de prêmios pelo ProAC, ela divide o palco com Cora Laszlo, que vive entre o Brasil e os Estados Unidos. Cora é mestre pela Universidade de Nova York e doutoranda na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, com carreira autoral consolidada e apresentações no Brasil e no exterior.
Espetáculo multimídia e criação híbrida
A bailarina destaca que Até Quando é um trabalho multimídia, com visualidade refinada. “Trabalhamos com projeções de fotos e vídeos de Christian Laszlo, um profissional conceituado em imagens cênicas. Por dialogar com o audiovisual, a obra apresenta uma permeabilidade entre as artes.” Segundo ela, “não é apenas um espetáculo de dança, mas uma criação híbrida que une dança, teatro e artes visuais.”
O duo propõe uma reflexão poética sobre o corpo que envelhece e se transforma, convidando o público a reconhecer a beleza e a potência dos diferentes tempos da vida. Por meio da dança contemporânea, a obra celebra a memória, a herança e o diálogo entre gerações, reafirmando o corpo como lugar de afeto e continuidade.

Envelhecer como presença, não como perda
A artista ressalta que traduzir o envelhecimento como movimento, e não como perda, é essencial, especialmente na dança, que ainda é marcada pelo etarismo. “Há um senso comum de que, aos 30 anos, o bailarino já deveria parar, por não ter mais vigor físico”, afirma. “Aos 58 anos, continuo dançando normalmente. O etarismo está presente não só na sociedade, que evita reconhecer a passagem do tempo no corpo, mas também na própria dança.”
Para Jussara, “é urgente falar sobre o tema, lembrando que envelhecer começa no momento em que nascemos.” Ela propõe “enxergar o envelhecer como um estado de presença e vitalidade, e não de perda.”
Até Quando é uma obra plástica e visual que integra as linguagens da dança e do audiovisual. Durante a apresentação, são projetadas fotos e vídeos em telas móveis e também sobre os corpos das bailarinas, criando um efeito poético e potente.
Jussara acredita que “o público leva para casa tanto a beleza estética de um espetáculo multimídia quanto a mensagem de que o etarismo é um preconceito muitas vezes praticado pelos mais jovens, que nem o reconhecem como tal.” Para ela, “essa reflexão é urgente nos tempos atuais.”





