
O ator, músico e compositor Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), aos 82 anos. Ele estava internado em um hospital particular na Barra da Tijuca, zona sudoeste do Rio de Janeiro, para tratar um enfisema pulmonar. Após uma cirurgia, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. A morte foi anunciada em suas redes sociais.
“Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando Meu Nome é Gal, com toda a energia e bom humor que sempre teve”, diz a nota publicada pela família.
Infância e Formação
Jards Anet da Silva nasceu na Tijuca, zona norte do Rio, em 3 de março de 1943, próximo ao Morro da Formiga. Cresceu cercado por música: dos batuques de samba do morro aos cantores Vicente Celestino e Gilda de Abreu, seus vizinhos.
Em casa, ouvia foxes, valsas e modinhas tocadas ao piano por sua mãe, Lígia, e no acordeom pelo pai, em um ambiente onde também cantavam ele e o irmão Roberto. Na era de ouro do rádio, acompanhava os grandes nomes da Rádio Nacional, como Silvio Caldas, Francisco Alves, Cauby Peixoto, Orlando Silva, Marlene e Emilinha Borba.
Ainda jovem, mudou-se com a família para Ipanema, onde ganhou o apelido “Macalé”, referência a um jogador do Botafogo.
Na adolescência formou seu primeiro grupo, o duo Dois no Balanço, seguido pelo Conjunto Fantasia de Garoto, especializado em jazz, serenata e samba-canção.
Estudou piano e orquestração com Guerra Peixe, violoncelo com Peter Dauelsberg, guitarra com Turibio Santos e Jodacil Damasceno e análise musical com Esther Scliar.
Carreira Artística
Sua carreira profissional começou em 1965 como guitarrista do Grupo Opinião. Foi diretor musical das primeiras apresentações de Maria Bethânia e teve composições gravadas por nomes como Elizeth Cardoso e Nara Leão.
Com Gal Costa, Paulinho da Viola e José Carlos Capinam, fundou a Agência Tropicarte para gerir seus shows. Atuou e compôs trilhas para filmes como Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos, além de Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade), Antonio das Mortes (Glauber Rocha), A Rainha Diaba (Antonio Carlos Fontoura) e Se Segura, Malandro! (Hugo Carvana).
Legado e Reconhecimento
Macalé é autor de clássicos como Vapor Barato, Anjo Exterminado, Mal Secreto, Movimento dos Barcos, Rua Real Grandeza, Alteza, Hotel Estrela e Poema da Rosa. Suas obras foram interpretadas por Gal Costa, Maria Bethânia, Clara Nunes, Camisa de Vênus, O Rappa, entre outros.
Em 2019, o álbum Besta Fera foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB e entrou na lista dos 25 melhores discos brasileiros do semestre, segundo a APCA. A entidade também destacou Coração Bifurcado entre os 50 melhores álbuns de 2023 e Mascarada: Zé Kéti, parceria com Sérgio Krakowski, entre os melhores de 2024.





