domingo, 24 novembro 2024

Nômade Festival é sopro de esperança

O último sábado (12) ficará guardado para sempre na memória de quem visitou (sem trocadilhos) o Memorial da América Latina, em São Paulo. 

A realização de mais uma edição do Nômade Festival é definitivamente um sopro de esperança e resistência através da arte para quem busca sobreviver a tempos tão “sombrios”. 

Com um line up preparado justamente pensando em liberar apenas energias positivas a plenos pulmões, a missão foi cumprida. 

Logo no começo, enquanto o público chegava e buscava a melhor forma de curtir o evento, Luedji Luna e Hotelo, as duas primeiras atrações do festival, fizeram o povo cantar e pular logo de cara. Mas era apenas o começo. A temperatura estava apenas esquentando, literal e figurativamente. 

Quando Liniker e os Caramelows entraram no palco, para êxtase geral, fez todo mundo cantar junto suas canções, tanto do último álbum “Goela Abaixo” quanto do anterior “Remonta”, com canções como “Caeu” e “Zero”. Do novo, “Lava”, “De Ontem” e “Gota” pareciam ser hinos entoados pela cantora e o coro da plateia. O bis não foi o suficiente, deixando o público pedindo por mais – especialmente pela canção “Lina X”. Fica pra próxima. 

Maria Gadú, que fez um pocket show no espaço reservado a uma marca de cerveja, alternou canções próprias com versões, como a de “Podres Poderes”, de Caetano Veloso, que fazia total conexão para as intervenções da cantora com a plateia. Durante o show, clamou pelos direitos LGBTs de “amar em paz quem quiser sem apanhar, de casar com quem quiser”, além de entoar palavras de ordem como “Preta livre” – assim como Liniker fez – e “Lula livre”. 

Em seguida, Johnny Hooker se apoderou do palco como um jovem Ney Matogrosso. Transitando por diversos estilos em suas canções, que misturam desde bolero, axé e calypso, entreteve a plateia com maestria, mostrando também o quão feliz estava por estar ali também. Mas, sem dúvidas, o que deixou todos os presentes em puro êxtase, foi o grand finale chamando Liniker de volta ao palco para juntos conduzirem a canção “Flutua”, que gravaram em parceria. 

Arnaldo Antunes veio logo após, no início da noite. Seu ritmo mais calmo combinou com a sensação aparente dos presentes em diminuir um pouco o ritmo de tudo o que já havia acontecido naquela tarde. Já na parte final do seu show, conseguiu reanimar a plateia e prepará-los para o último show da noite, com canções de sua época de Titãs, como “Comida”, e uma versão de “Exagerado”, de Cazuza. 

O pequeno atraso que deixou o público impaciente para o show de Anavitória foi completamente esquecido assim que elas entraram no palco. Com todas as músicas sendo cantadas na ponta da língua, o último show do duo – que fará uma breve pausa de 2 meses – foi realmente uma celebração de todas as partes. De sorriso no rosto o tempo todo, as meninas falavam a todo momento da felicidade de ali estar e da importância de compartilhar o amor. O momento em que Ana Clara pega uma bandeira LGBT e se enrola com ela apenas corou aquilo que o público que ali estava esperava do festival como um todo: pelo menos por um dia, poder ser plenamente feliz no mundo que ainda não é, mas como poderia e deveria ser, com paz, amor e arte.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também