A cultura Iorubá é a principal fonte do trabalho do cantor e compositor TorOgum. Lançando o seu novo EP “Musalegy”, ele busca resgatar estas origens culturais a partir de sua musicalidade. O trabalho conta com três musicais autorais e em parceria com artistas que fazem parte da “cultura do terreiro”.
Com sua carreira construída no hip hop, o músico de Sumaré já trabalhou com grupos como Inquérito, Klandestino, Quarto Poder e até abriu shows para o Racionais MC’s. O seu nome é uma referência ao orixá “Ogum”, guerreiro da cultura Iorubá.
FILOSOFIA
Como o artista mesmo diz: “o impossível está na mente dos acomodados”. Esta é a base filosófica que ele carrega nas 3 faixas do EP. “Elas simbolizam um renascimento (Musalegy), um conflito de aceitação (“Meu Santo é Forte”) e a certeza de que eu posso tudo, minha felicidade só depende do caminho que eu escolher (“O Que Te Move?). As três são importantes pra mim, mas destacaria uma frase que está na música “O Que Te Move?” que diz: “A ignorância que nos cega, segue fazendo vítimas”. Esta que se destaca terá, inclusive, um videoclipe sendo lançado em breve.
O trabalho do cantor já está disponível em todas as plataformas digitais.
ESPIRITUALIDADE
TorOgum está vivendo uma nova fase, que faz parte do projeto “Morre o Guri, Nasce o TorOgum”, fazendo referência ao movimento de abandonar a carne para viver em espírito. O artista é enfático sobre a grandiosidade desta mudança em sua vida. “Sou um compositor que compõe o que vive, minhas músicas nascem de acordo com o meu estado de espírito”, diz.
A gratidão por viver esse momento é fortemente expressada no projeto. “Esse trabalho nada mais é que uma forma de agradecimento pelo que os Orixás fizeram por mim através do Candomblé. Eu literalmente renasci e meu lado espiritual gritava dentro de mim. O que eu fiz foi por pra fora todo esse sentimento e transformar em música”, explica o músico.
Esta trajetória pessoal é de onde ele mais busca referências, mas também fica atento a histórias de outras pessoas que mexem de alguma forma consigo. “Minha inspiração sempre veio de vivência, de pessoas que superaram situações consideradas impossíveis. Vem da fé, da vontade de vencer, da inocência das crianças”.
A caminhada religiosa, que traçou os caminhos do projeto, teve uma motivação particular. Porém, TorOgum confessa que tudo acabou sendo maior do que ele mesmo imaginava. “Tinha a necessidade de devolver de alguma forma ao Universo todo aquele sentimento de gratidão que estava no meu peito. Mas a EP tomou outra proporção e acabou direcionando os corações que ainda não tinha um rumo certo”, relata.
“Em nenhum momento quis trazer novos adeptos ao Candomblé com as mensagens, mas mostrar para as pessoas que o espiritual é o que realmente importa, que sem amor próprio é impossível amar o próximo e que a salvação é individual. Eu não tenho tempo para julgar alguém porque estou muito ocupado tentando ser alguém melhor”, finalizou.