Transformar uma doença delicada como Alzheimer em um espetáculo infantil lúdico, sensível e poético: esse é o ponto de partida de “Sabores Esquecidos”, peça teatral voltada para crianças de 6 a 9 anos e suas famílias. O espetáculo estreia no dia 30 de agosto, no Céu das Artes de Santa Bárbara d’Oeste, com duas sessões gratuitas, às 15h e às 17h, e acessibilidade em Libras. Antes da estreia, no dia 17 de agosto, às 14h, haverá um ensaio aberto ao público no mesmo local.
A história
A peça acompanha a história de Pedro, um menino que trabalha com sua avó, Dona Lúcia, em uma sorveteria mágica. Aos poucos, ele percebe que a avó está começando a esquecer coisas importantes, inclusive momentos que viveram juntos. Com a ajuda de amigos e brinquedos esquecidos, Pedro embarca em uma jornada para tentar congelar o tempo e preservar suas lembranças. Ao longo da trama, ele aprende que as memórias, como os sorvetes, se derretem se não forem apreciadas a tempo.

Proximidade
A Trupe Dona Formiga, responsável pela montagem, é formada por cinco pessoas, e três integrantes têm parentes que já tiveram Alzheimer. A partir disso, o grupo começou a pesquisar sobre o tema e descobriu que cerca de 1,2 milhão de brasileiros vivem com Alzheimer. Além disso, a cada ano, aproximadamente 100 mil novos casos são diagnosticados.
Percebeu-se, então, que é uma condição muito comum, mas que raramente é discutida de forma aberta. Isso levou o grupo a refletir: como uma criança pode compreender o que é o Alzheimer? É um assunto delicado, e foi justamente essa pergunta que se tornou o ponto de partida do espetáculo.
“Queríamos tratar o Alzheimer com delicadeza, mas também com profundidade”, explica o idealizador, roteirista e diretor do espetáculo, Felipe Damasi. “A sorveteria surgiu como uma metáfora perfeita: o sorvete derrete, e as memórias também. Precisamos aproveitá-las enquanto ainda estão presentes”, completa Damasi.
Da pesquisa à cena, uma construção coletiva e cuidadosa
O espetáculo é resultado de uma pesquisa sobre o Alzheimer e seus impactos nas famílias. A equipe contou com psicólogos, psicopedagogos e pedagogos infantis para garantir que a linguagem fosse acessível às crianças, sem banalizar o tema. O ponto de partida da dramaturgia foi o conceito de memória gustativa, aquela relacionada a sabores da infância, como o gosto do primeiro brigadeiro ou de uma melancia em um dia de verão.
“A peça é feita para que as crianças entendam o que é memória e o que acontece quando ela começa a falhar. Mas também queremos falar com os pais, com os adultos. É uma reflexão sobre estar presente e criar memórias agora, antes que derretam”, comenta o diretor.
Emoção, música e interação
Sabores Esquecidos é um espetáculo de teatro com muita música. “Consultamos psicopedagogos para saber qual é a média de tempo que uma criança consegue manter o foco assistindo a uma história. Para que, quando os diálogos começarem a ficar cansativos, possamos entrar com música”, explicou o diretor da montagem.
São quatro atores em cena, incluindo a atriz que interpreta a avó e que se inspirou na própria avó, diagnosticada com Alzheimer, para compor a personagem.
Além do enredo sensível, o espetáculo utiliza figurinos e cenários coloridos, efeitos visuais, humor e interação com o público infantil. No final da apresentação, as crianças são convidadas a compartilhar suas próprias memórias, conectando-se de maneira afetiva com a história contada.
Inclusão e acesso
O espetáculo é gratuito e conta com acessibilidade em Libras, garantindo que crianças surdas e suas famílias também possam participar plenamente da experiência.
“Acreditamos que esse tema precisa ser discutido desde cedo, com respeito e carinho. E o teatro é um espaço potente para isso, onde emoção e aprendizado caminham juntos”, afirma o diretor Damasi.
Serviço:
- Espetáculo Infantil: Sabores Esquecidos
- Data: 30 de agosto (sábado)
- Sessões: 15h e 17h
- Local: Céu das Artes – Santa Bárbara d’Oeste
- Entrada gratuita
- Acessibilidade em Libras
- Indicado para crianças de 6 a 9 anos e suas famílias