Professor de Filosofia da rede pública de ensino de Americana, Milton Sankofa é um estudioso da obra da escritora Carolina Maria de Jesus, autora do clássico “Quarto de Despejo”, considerado um dos livros mais relevantes da literatura brasileira, traduzido para 13 idiomas. O professor organiza, agora, uma excursão para levar estudantes barbarenses ao sítio que pertenceu à escritora e onde ela passou alguns anos no final da vida.
Milton realizou uma palestra sobre a vida e a produção literária de Carolina em um evento promovido pela Secretaria de Educação de Santa Bárbara d’Oeste.
“O público se mostrou tão interessado que surgiu a ideia de organizarmos uma visita ao sítio onde ela morou.”
A excursão é organizada por Milton, com ajuda das também professoras Clarissa de Oliveira e Damiana Souza, com saída marcada para este sábado (28), do Mercado Municipal de Santa Bárbara d’Oeste.
Durante o passeio, será apresentada uma encenação teatral inspirada na trajetória da escritora. Os excursionistas também terão a oportunidade de participar de um almoço típico da região.
Carolina Maria de Jesus
Em 1958, o jornalista Audálio Dantas conheceu Carolina na favela do Canindé, em São Paulo, e descobriu que ela mantinha diversos cadernos nos quais registrava a dura realidade vivida naquela comunidade.
Mesmo com apenas dois anos de escolaridade, Carolina se destacou como escritora e alcançou reconhecimento nacional em 1960, com a publicação de Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, no qual relata sua rotina no Canindé, na capital paulista.
Com o sucesso da obra, ela adquiriu um sítio em Parelheiros, distrito da zona sul de São Paulo, realizando o sonho de viver próxima à natureza.

Antes de falecer, em 1977, Carolina pediu aos filhos que jamais vendessem a propriedade. Dos três herdeiros, apenas a filha caçula, Vera Eunice, continua viva. Respeitando o desejo da mãe, ela manteve o sítio preservado.
Em 2014, o centenário de nascimento de Carolina Maria de Jesus foi celebrado com a publicação de materiais inéditos e diversas exposições em sua homenagem por todo o país. Segundo Sankofa, Americana e Santa Bárbara d’Oeste também participaram desse movimento de redescobrimento da autora.