O Projeto Samovar – Clube de Leitura é uma iniciativa idealizada pelo professor Douglas Fonseca com o objetivo de difundir a literatura e a cultura russa na região de Americana. O projeto reúne leitores interessados em conhecer e discutir obras de autores clássicos e contemporâneos, em encontros que combinam leitura, análise e debate.
O próximo encontro do grupo será realizado no dia 22 de outubro, às 19h, na Biblioteca Municipal “Professora Jandyra Basseto Pântano”, no Centro de Americana.
Idealizador e inspiração do projeto
Bonganhi é professor em Americana, com experiência na educação pública e privada, leciona também na Faculdade de Americana (FAM) e é mestrando na USP, onde pesquisa a obra de Fiódor Dostoiévski e a cultura russa. Segundo ele, a ideia do projeto surgiu da ausência de espaços dedicados à literatura e à cultura russa na região.
“Sempre tive interesse pela literatura russa, mas aqui em Americana não há centros de pesquisa sobre o tema. Durante a graduação, senti falta de poder me aprofundar na língua e na cultura. Então decidi criar o clube como forma de compartilhar esse interesse e oferecer a outras pessoas a oportunidade que eu não tive”, explicou.
O professor ressalta que o fascínio pela Rússia vem da complexidade do país e de seu povo, muitas vezes vistos de forma estereotipada.
“Quando falamos de Rússia, pensamos em um lugar frio, de pessoas sérias e carrancudas. Mas é um país imenso, com paisagens diversas e um povo alegre e receptivo, especialmente com os brasileiros”, contou.
Leituras e atividades futuras
No encontro de outubro, os participantes vão discutir o livro Meninas, da escritora Lyudmila Ulítskaya, que retrata a vida de jovens durante a União Soviética. Para 2026, a ideia é promover uma leitura guiada de Crime e Castigo, de Dostoiévski, em formato de curso gratuito.
“A biblioteca me contou que Crime e Castigo é o livro russo mais procurado pelos leitores de Americana. Por isso, queremos fazer uma leitura guiada, como um curso, para aprofundar a experiência de quem já tem interesse pela obra”, revelou.
Douglas também comenta que, apesar de o foco ser a leitura e o debate, há planos de ampliar o projeto para o cinema russo futuramente.
“Temos a intenção de criar um festival de cinema russo ou soviético, mas isso depende de questões de direito autoral e de editais de fomento. Por enquanto, o foco é a leitura e o debate livre”, disse.
Traduções e participação aberta
Ele ainda destacou a importância das boas traduções diretas do russo, especialmente para compreender com precisão os textos clássicos.
“Hoje temos ótimas traduções diretas do russo, principalmente da Editora 34, que faz um trabalho excelente. Traduções indiretas — do russo para o francês e depois para o português — acabam perdendo muito do sentido original”, explicou.
O Projeto Samovar é aberto a todos os públicos, sem necessidade de inscrição. As discussões continuam em um grupo de WhatsApp, criado para ampliar o debate entre os participantes.
“Qualquer pessoa pode participar. Temos adolescentes, adultos, professores e leitores curiosos. O grupo tem cerca de 10 a 12 pessoas, mas a ideia é crescer e diversificar. Quanto mais olhares, melhor o debate”, afirmou.
Conexões regionais e significado do nome
Durante suas pesquisas, Bonganhi descobriu uma curiosa ligação regional com a cultura eslava.
“Descobri que nossa vizinha Nova Odessa recebeu muitos imigrantes russos, letões e ucranianos no passado. Eles até mantêm um festival letão por lá. É interessante perceber que essa herança está mais próxima da gente do que imaginamos”, contou.
O nome “Samovar” remete a um utensílio tradicional usado para aquecer água e servir chá, símbolo do convívio social e do cotidiano doméstico na Rússia do século XIX.
