terça-feira, 29 julho 2025
52ª EDIÇÃO

Salão Internacional de Humor de Piracicaba celebra símbolo de irreverência e resistência

O evento se tornou um ponto de encontro entre tradição e vanguarda
Por
Diego Rodrigues

Nomes como Laerte, Luiz Fernando Veríssimo, Millôr Fernandes, Paulo Caruso e Ziraldo estão entre os grandes artistas que já passaram pelo Salão Internacional de Humor de Piracicaba, que neste ano chega à 52ª edição.

Criado em 1974, o evento tornou-se um dos mais respeitados do mundo no campo do humor gráfico e se consolidou como espaço de liberdade, crítica social e inovação artística.

Mais do que uma vitrine para charges, cartuns, caricaturas e tiras, o Salão se tornou um ponto de encontro entre tradição e vanguarda.

A cada edição, obras de centenas de artistas de diferentes países são reunidas em Piracicaba (SP), transformando a cidade na autoproclamada “Capital Mundial do Humor Gráfico”.

Imagem do 49º Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Foto: CCS

Origens em tempos de repressão

A ideia do Salão surgiu durante o período da ditadura militar, quando um grupo de artistas, jornalistas e intelectuais piracicabanos, reunidos no histórico Café do Bule, idealizou um espaço de liberdade artística em plena repressão.

Inspirados pelo jornal O Pasquim e pelo primeiro salão de humor realizado em São Paulo, em 1972, o grupo tentou incluir uma mostra de humor gráfico no Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, mas o plano foi frustrado. O impasse, no entanto, levou ao nascimento de um evento próprio e independente.

Desde então, o Salão se manteve como espaço de resistência e consciência crítica, sempre aberto às transformações políticas e culturais do mundo.

“Não é só um lugar para rir”

“O Salão de Humor de Piracicaba não é somente um lugar para você rir. Ele te leva à reflexão. Mostra o que está acontecendo em países em guerra, em recessão econômica, e tudo isso se revela nos desenhos que chegam aqui de mais de 50 países”, afirma o diretor do evento, Júnior Kadeshi.

Segundo ele, o evento mantém até hoje o espírito contestador que deu origem ao Salão. “Ele começou na época da ditadura militar como um símbolo de resistência. Um grupo de artistas e jovens jornalistas lia O Pasquim, que era um dos baluartes da contestação, e decidiu trazer esse espírito para Piracicaba”, relembra.

Justiça climática é o tema de 2025

Neste ano, o tema central escolhido é “Justiça Climática”, com o objetivo de provocar reflexões sobre os impactos socioambientais da crise ecológica.

“Justiça climática fala sobre como a sustentabilidade afeta as pessoas menos favorecidas, das periferias, de países subdesenvolvidos. Não é só a natureza, mas também, a economia e o aquecimento global”, explica Kadeshi.

Apesar do tema central, outras categorias continuam com temática livre.

Seleção e diversidade internacional

Segundo o diretor, cerca de 2.700 trabalhos foram recebidos em 2025, vindos de 456 artistas de 47 países. Após a curadoria e seleção — feita por um júri técnico formado por artistas, jornalistas e acadêmicos — foram escolhidas cerca de 400 obras, de 22 países, que compõem a mostra principal.

“As obras são avaliadas em duas etapas: a primeira seleciona os trabalhos que comporão a exposição; a segunda escolhe os premiados de cada categoria”, detalha Kadeshi.

Abertura e locais de exposição

A cerimônia de abertura da 52ª edição acontece no dia 30 de agosto, às 19h, no Engenho Central (Armazém 14), onde também serão anunciados os premiados da mostra.

As exposições permanecem abertas até o dia 2 de novembro, espalhadas por diversos espaços da cidade, como o Museu Prudente de Moraes e a Rodoviária de Piracicaba.

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