Ele mora no Jardim dos Ipês e nas horas vagas constrói a própria casa. É escultor e cenógrafo, mas pode ser chamado de o ‘coringa’ das artes.
Esse é Samuel Antero, 33 anos. Em seu currículo muitas e muitas obras: de escultura em portais a participação em cinema e televisão. De Sumaré para o Brasil, suas obras podem ser vistas em vários lugares, como o portal de Paulínia. Ele fez o cavalo e os 34 soldados, tudo em resina, fibra e isopor. Fez oito beija-flores para condomínios na região. Atualmente, desenvolve a parte de cenografia do Pico das Cabras, no Distrito de Joaquim Egídio, em Campinas. “Além da lua, dentro da cúpula está o Planetário. No interior de Saturno, por exemplo, tem uma réplica do sistema solar. E na cúpula de Júpiter está o telescópio. A primeira etapa está pronta e em funcionamento”, diz.
O Pico das Cabras fica num morro a 1.080 metros de altitude e é parte integrante do Museu Aberto de Astronomia, cujo objetivo é fomentar o conhecimento e desenvolvimento humano. No local, entre as esculturas de Samuel Antero, destacam-se ainda os deuses da mitologia grega: Zeus, Poseidon, Hermes e etc. Tem o tronco-formigueiro gigante, cuja escultura é à base de cimento, já que os sanitários ficam nas raízes. “Esta segunda fase será em alvenaria, e terá um espaço com formigas de verdade”.
Para ele, que considera seu talento um dom de Deus, é inexplicável a sensação ao ver a obra pronta. “Pego uma xícara de café, atravesso a rua e fico apreciando a peça que eu fiz. Considero-me abençoado, e entendo que os dons a gente vai multiplicando. Escultura é a minha vida. E eu sabia que estava sem opção: ou vivia da arte ou vivia da arte”, diz.
A “Costela de Adão” que ficou em exposição na Nona Mostra da Loja D&D em São Paulo foi feita na calçada da casa, porque ele ainda não tinha o ateliê. Apesar do talento, Samuel não tem ambição quanto a uma carreira internacional. Se conseguir que suas obras cruzem as fronteiras será extremamente positivo. Porém, ele não pensa nisso. É que Samuel está migrando para a cerâmica, o cimento e a pedra sabão, e até utiliza o bronze nas peças. “Estou trabalhando num mosaico gigante na fachada de um prédio. Será em alto relevo retratando a flora brasileira. Este trabalho é feito com diferentes argilas, que depois de esmaltadas, vão se transformar em cerâmica decorativa. Por enquanto, pretendo que minhas obras sejam conhecidas no país inteiro”, explica.
COMEÇO
Samuel Antero recorda que na quinta série recebeu o incentivo da professora Audrey, amiga até hoje, que o lapidou. Foi com ela que ele teve o primeiro contato com a cerâmica. A própria professora iniciou o projeto de presépios, aonde ele foi voluntário juntamente com outros alunos. O voluntariado virou profissão. Passou a trabalhar na área de ilustração, fazendo presépios.
Aos 17 anos conheceu Paulo Cesar Tadeu Gulla, que esculpe em mármore, e descobriu que a escultura era sua verdadeira paixão. Cada profissional que passou por sua vida teve contribuição significativa em sua carreira, a começar pelo pai, que é pedreiro. Na infância o acompanhava nas obras, e na adolescência já começou a ganhar alguns trocados como ajudante. Isso, segundo ele, deu o que considera fundamental na construção das peças: visão. “Decidi que ia aprender a profissão, e construir a minha própria casa. Claro, casa de ferro, espeto de pau. Vai levar um tempinho, mas vou concluir. Felizmente, minha esposa Aline é minha parceira, e só tenho sucesso porque ela é uma grande mulher que está ao meu lado”.