Projeto retrata história, talento e cumplicidade entre gerações de artistas, falando do sertão e sua arte
O Sesc Campinas apresenta, entre os dias 21 e 25 de setembro, o projeto “Entre Gerações”, que mostra o talento, a história e a cumplicidade de pais e filhos que retratam o sertão em suas produções de xilogravura, cordel e repente. Dois mestres e referências nessas artes, J. Borges, de 86 anos, xilogravurista, e Asa Branca do Ceará, de 81 anos, cordelista e repentista, contam como seus filhos, Pablo Borges, de 28 anos, xilogravurista, e Samuel de Monteiro, de 52 anos, cordelista, aprenderam o ofício, seguiram seus passos e dão continuidade a essas artes com novos elementos e suas próprias marcas.
J. Borges é o principal mestre da xilogravura no Brasil. Asa Branca do Ceará é referência do cordel, no improviso da cantoria pé- -de-parede. Pablo Borges, pela influência e admiração pelo mestre J. Borges, iniciou na xilogravura aos 7 anos. Samuel de Monteiro, influenciado pela arte de Asa Branca do Ceará é cordelista desde os 13 anos.
Os quatro artistas participam, na abertura do projeto, dia 21, de um bate-papo sobre a relação artística e cultural entre pais e filhos, o convívio intergeracional, os aprendizados mútuos e a complementariedade dos saberes entre as gerações.
Para passar um pouco da arte que criam, as duas duplas fazem um ciclo de oficinas criativas, gratuitas e abertas a crianças, adolescentes e adultos.
Os cordelistas Asa Branca e Samuel de Monteiro também convidam o público para uma viagem pelo sertão, através dos causos e cordéis do pai e do filho, na apresentação do espetáculo “Nosso Cordel Bem Rimado”. Ao lado do convidado Xexéu da Paraíba, jovem e talentoso repentista da cidade de Monteiro, Asa Branca faz uma tradicional cantoria de improviso, no espetáculo “Improvisos de Pé-de- -Parede”, a partir de temas sugeridos pelo público.
Samuel de Monteiro, produtor executivo do projeto, afirma que o objetivo, além de apresentar a arte do repente, xilogravura e cordel, é mostrar a força dos laços entre as gerações, unidas pela cultura popular. “As atividades vão mostrar o nível de cumplicidade e o tanto de influência que os filhos recebem dos pais, em suas criações, e como os filhos encontram os seus próprios caminhos, dentro das artes e técnicas apreendidas”, afirma.
J. Borges, natural de Bezerros (PE), tornou-se mestre em xilogravura nos anos de 1970. Graças a Ariano Suassuna, se destacou no Movimento Armorial como representantes da arte primitiva da xilogravura. Borges se tornou um dos mais importantes xilogravuristas a partir da necessidade de criar as capas dos seus cordéis.
Borges é inspiração na família e muitos filhos seguiram o ofício e ganharam notoriedade, como os mais velhos, J. Miguel e Manassés Borges, falecido em 2017. E os mais jovens, Pablo Borges e Bacaro Borges.
ASA BRANCA
Asa Branca do Ceará, natural de Mauriti (CE), começou no improviso aos 15 anos, ao lado de Severino Lourenço da Silva Pinto, Pinto do Monteiro, o Cascavel do Repente, grande referência nessa arte. Outros grandes repentistas como Lourival Batista e Otacílio Batista encantavam o sertão na época e Asa Branca teve a oportunidade de improvisar com todos eles. Logo uniu ao seu talento para a cantoria, a arte do cordel. E foi entre esses ofícios que Samuel de Monteiro se inspirou.
SERVIÇO
“De Pai para Filho -Encontro entre Gerações” Bate Papo
Data: quarta (21)
Horário: das 19h às 21h, no Teatro.
Ingressos: Gratuito.
Indicação: A partir de 12 anos
“A Arte da Xilogravura para Jovens” Oficina
Data: quinta (22)
Horário: das 15h às 17h, no Espaço Arena.
Ingressos: Gratuito.
Indicação: A partir de 12 anos. 20 vagas
“Nosso Cordel Bem Rimado” Apresentação
Data: sexta (23)
Horário: 16h, no Teatro.
Ingressos: Gratuito.
Indicação: A partir de 12 anos
“Xilogravura: Um Traço do Pai, uma Xilo do Filho”
Data: sexta e sábado (23 e 24)
Horário: das 10h às 12h, na Sala de Atividades 4.
Ingressos: Gratuito.
Indicação: 60+. 20 vagas.
A programação segue ainda
com outras atividades dias
24 e 25, sábado e domingo.
