O desejo pela juventude eterna e a busca pela perfeição, temas que atravessam séculos desde a publicação de O Retrato de Dorian Gray, ganham agora uma nova forma de expressão — a musical. Inspirado na obra de Oscar Wilde, o compositor paulistano Alexandre Guerra assina o “Impressões sobre Dorian Gray — Concerto para Piano e Orquestra”, que terá estreia mundial com a Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP) nos dias 17 e 18 de outubro, às 19h30, no Teatro Municipal Dr. Losso Netto.
A regência é do maestro Knut Andreas, diretor artístico e regente titular da OSP, e o solista convidado é o pianista Fabio Martino, reconhecido internacionalmente. O programa será aberto com a “Sinfonia nº 104 ‘London’, em ré maior”, de Joseph Haydn, última composta pelo austríaco em 1795.

A alma de Dorian em três movimentos
O concerto de Guerra parte da narrativa de Wilde para criar uma obra que reflete, em três movimentos, os contrastes entre beleza e decadência, vaidade e culpa. “São impressões sonoras de um espírito que tenta escapar do tempo, mas que inevitavelmente se confronta com ele”, define o compositor.
A ambientação remete à Londres do final do século XIX, cenário em que se desenrola a história do jovem Dorian Gray, que permanece jovem enquanto o retrato que o representa envelhece — um pacto simbólico com a própria consciência. A peça, portanto, traduz musicalmente o conflito entre aparência e essência, espelhando o drama da alma humana diante da efemeridade da vida.
Trajetória do compositor
Formado em Composição de Cinema pela Berklee College of Music, Alexandre Guerra é um dos principais nomes da atual geração de compositores brasileiros. É membro da Sacem (França) e da World Soundtrack Academy (WSA), e tem obras executadas regularmente por orquestras no Brasil e na Europa.
Em 2023, a OSP também estreou sua obra “Concerto Místico para Cello e Orquestra”, cujo álbum foi finalista do Prêmio da Música Brasileira de 2025. Além das criações autorais, Guerra é reconhecido por trilhas sonoras para o cinema e produções audiovisuais.
Haydn e a despedida sinfônica
O concerto também presta homenagem ao legado clássico com a “Sinfonia nº 104 ‘London’”, de Joseph Haydn (1732–1809). Escrita em 1795, durante a segunda temporada do compositor em Londres, a obra marca o encerramento de um ciclo criativo que ajudou a consolidar a forma sinfônica moderna.
Conhecida por sua energia e clareza formal, a “London” reflete o domínio pleno de Haydn sobre o gênero, sendo considerada síntese de sua maturidade artística.
Ingressos e acessibilidade
Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda pelo site megabilheteria.com. Serão distribuídos 140 ingressos gratuitos por sessão, uma hora antes das apresentações, para pessoas de baixa renda, estudantes e idosos, conforme disponibilidade.
A sessão de sábado contará com intérprete de Libras, e a OSP disponibilizará programas em braile, reafirmando o compromisso da orquestra com a acessibilidade e a inclusão cultural.
Música para todas as idades
Também no sábado (18), às 16h, a OSP apresenta o “Concerto para todas as idades”, com entrada gratuita. A atração combina música e teatro, conduzindo o público por uma jornada lúdica pelo universo da orquestra.
O violinista Luís Fernando Fischer Dutra interpreta o maestro, enquanto o ator Washington Poppi dá vida ao palhaço Zé da Batuta, personagem que apresenta de forma divertida os instrumentos e famílias da orquestra.
Realização
A Temporada 2025 da Orquestra Sinfônica de Piracicaba é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, em parceria com a Prefeitura do Município de Piracicaba e a Secretaria Municipal de Cultura.