terça-feira, 26 novembro 2024

Vida que segue

Quem nunca se perguntou o que aconteceria com seu personagem favorito após o “felizes para sempre” de uma novela? O clima de romance nunca acabaria? Amigos nunca se separariam? Essas são questões que os fãs de “Malhação – Viva a Diferença” poderão ter respondidas em breve. 

Isso porque a 25ª temporada da novela juvenil da Globo, que ganhou o Emmy Internacional Kids 2018, vai virar série, ao trazer de volta as amigas Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Ellen (Heslaine Vieira), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski). Agora, mais velhas e em conflitos adultos. 

“Foi um pedido dos fãs”, afirma o roteirista e diretor Cao Hamburger, 57. “Fiquei na dúvida se valia a pena, porque novela é uma coisa muito longa, com muitos personagens, muitas histórias. Mas a insistência foi tão grande que o Silvio [de Abreu, chefe de dramaturgia da Globo] pediu pra eu pensar com carinho.” 

SALTO NO TEMPO  

A solução encontrada foi mostrar a história alguns anos depois, transportando as cinco amigas para outro universo, o dos jovens adultos, hoje entre os 20 e os 30 anos.  

“Pedi uma pesquisa sobre essa Geração Z e achei muito interessante, tanto pro mal como pro bem. Eu me encantei por essa ideia”, afirma ele.  

“São pessoas conectadas, bem informadas, solidárias, conscientes. Mas quando chegaram à vida adulta, o mundo já estava em outro momento”, avalia o diretor.  

Na história, o salto será de seis anos. Para as atrizes, esse novo universo é motivo de empolgação, por ser mais próximo do momento que elas próprias estão vivendo, mas também gera um pouquinho de preocupação, por terem que “envelhecer” as personagens, sem deixar que percam a essência. 

CONFLITOS SEGUEM EM CENA 

No ar entre os anos de 2017 e 2018, “Malhação – Viva a Diferença” já trazia em seu formato original algumas particularidades. A edição foi a primeira ambientada em São Paulo e ficou, não o tradicional triângulo amoroso, mas cinco amigas de classes sociais e com histórias de vida muito diferentes. 

Os conflitos iam da gravidez na adolescência ao abandono parental. Mas o destaque foi a atuação de Daphne Bozaski, que fez a jovem autista Benê, e aos primeiros beijos entre pessoas do mesmo sexo de “Malhação”, desde selinhos em um beijaço até o romance entre Lica e Samantha (Giovanna Grigio). 

Na série, as meninas estarão novamente na capital paulista, mas sob outras circunstâncias, abordando questões como desemprego, relacionamentos fluidos, dificuldade de assumir compromissos, até a baixa tolerância à frustração e a relação com as redes sociais. 

SEPARADAS? 

Assim como no início de “Malhação – Viva a Diferença”, a história de “As Five” também começará com o reencontro das cinco amigas. 

O momento será de dificuldade e descoberta para as cinco. No caso de Benê, estará passando por um momento de descoberta da individualidade, após seis anos vividos ao lado de Guto e dedicado à música. 

Keyla, que se tornou mãe ainda adolescente, agora estará ainda mais focada na maternidade. As responsabilidades da vida também vão ter arrastado Ellen para uma realidade bem diferente da que tinha na novela. Ela estará de volta ao Brasil, agora noiva, após uma temporada nos Estados Unidos. Já Tina terá que enfrentar seus problemas familiares, após a morte da mãe. 

Já Lica estará recém-separada de Samantha, mas ainda vivendo “em uma bolha social, econômica e cultural, e desfrutando de seus privilégios sem questionar. Até que a realidade bate na sua porta e ela começa um movimento de mudanças, onde algumas fichas vão cair e muitas outras não”. 

Entre todas essas questões, Cao Hamburger afirma que as diferenças econômicas e sociais tão presentes na novela não são o assunto principal de “As Five”, mas um elemento importante já presente no conceito inicial da produção, assim como o feminismo, que “não é uma bandeira, mas também está impregnado lá.”

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