A Copa América no Brasil começou com estádios vazios e rendas altas. Isso é possível, pois os preços dos ingressos são caros, com mínimo de R$ 120 (inteira) na maioria das partidas da primeira fase, o que explica os lugares vazios e valores milionários em jogos como Peru x Venezuela, sábado (15) em Porto Alegre, e Paraguai x Qatar, domingo (16), no Maracanã.
O grande mistério, e que até o momento o COL (Comitê Organizador Local) não explicou, é como a partida Brasil x Bolívia, na abertura sexta-feira (14), teve pouco mais de 46 mil pagantes e renda de incríveis R$ 22 milhões, a maior já divulgada no futebol brasileiro.
O valor médio do tíquete nos números anunciados do jogo do Morumbi foi de R$ 485, menor apenas do que a entrada mais cara vendida para o torcedor em geral nessa partida, de R$ 590 (inteira), a categoria 1. Havia bilhetes nos valores de R$ 360, R$ 260 e R$ 160, menores o que a média.
Desde sexta-feira após a partida, o UOL Esporte questiona o COL sobre a renda milionária, que não bate com a quantidade de torcedores presentes no estádio, e sobre a carga total colocada à disposição, mas até o momento não houve resposta.
Uma das possibilidades é a de que o valor tenha incorporado a receita de pacotes de hospitalidade, com ingressos para camarotes e áreas VIP, muitas delas compradas por patrocinadores da Conmebol e da competição.
Não é comum que torneios de seleções, como a Copa América, divulguem renda de partidas específicas, mas apenas uma receita total ao fim do torneio, englobando áreas de hospitalidade – é o que a Fifa faz na Copa do Mundo, por exemplo.
Há preocupação na cúpula da Conmebol com os estádios vazios. O Blog do Rodrigo Mattos revelou que será feita uma cobrança ao COL, Isso, porque as duas partidas com pior venda para a primeira fase ainda nem ocorreram –Bolívia x Venezuela, dia 22 de junho, e Equador x Japão, dia 24 de junho, ambas no Mineirão, não chegavam a 5 mil entradas negociadas ao fim da semana passada.
A diretoria do COL apostava que o início da Copa América, e a paralisação do Campeonato Brasileiro, que teve rodada até a véspera da abertura, fariam com que os torcedores se animassem em comprar ingressos para a competição de seleções, mas até o momento isso não ocorreu.
“A cultura do torcedor sul-americano é um pouco essa [de comprar ingressos mais perto do campeonato]”, disse o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, na quinta-feira (13), um dia antes de o Brasil enfrentar a Bolívia.