Trocas de e-mails obtidas pelo UOL Esporte evidenciam que o Flamengo sabia de riscos em função da precariedade das instalações elétricas do Ninho do Urubu desde 11 de maio de 2018 – nove meses antes do incêndio no alojamento do centro de treinamento que matou dez meninos das categorias de base do clube após um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado do local.
Correspondências internas trocadas entre os então responsáveis pelo dia a dia do CT apontaram aos dirigentes do Flamengo as “não conformidades” das instalações e “suas gravidades”, mostrando que os seguidos autos de infração da prefeitura não eram os únicos problemas para o funcionamento do lugar como dormitório.
Os problemas na parte elétrica foram verificados semanas antes. A partir disso, foi chamado um técnico de segurança do trabalho do clube para a realização de uma inspeção no local. Tal visita ocorreu no dia 10, com novo relatório técnico feito no dia seguinte e enviado a responsáveis rubro-negros.
Com dez fotos e imagens que detalhavam especialmente as citadas “gambiarras” no quadro elétrico atrás do alojamento da base (contêineres) – local do incêndio trágico -, o relatório chamava a atenção pela observação final.
“As irregularidades abaixo não serão tratadas no momento, pois, conforme informação, o local será demolido e substituído por novas instalações até o final do ano de 2018, deixando claro que caso haja fiscalização e autuação o argumento mesmo que evidente não justifica a irregularidade, ficando a critério do órgão fiscalizador a penalidade ou intervenção”.
Responsáveis pelo comando do clube no exercício do ano de 2018, integrantes da alta cúpula de Bandeira de Mello conversaram com a reportagem e disseram que não foram informados sobre o caso à época.
Ciente de tudo desde o início, o diretor executivo de administração do CT, Marcelo Helman, no entanto, tinha trânsito livre com vice-presidentes, a quem se reportava, e na presidência rubro-negra.