terça-feira, 7 maio 2024

Municípios investem em boa destinação do lixo

Cidades da região investem pesado no aprimoramento dos serviços de coleta, reciclagem e destinação correta do lixo. Ao mesmo tempo que as iniciativas contribuem com a preservação do meio ambiente, elas aparecem como alternativa de geração de renda não só para os trabalhadores, como para as próprias prefeituras.

Nova Odessa, por exemplo, anuncia um projeto de transformar lixo em energia. Trata-se de mais uma etapa de uma política pública que já começa a transformar em adubo o lodo decorrente do tratamento do esgoto em adubo. A ETE também produz em fase experimental água de reuso e planeja fornecê-la à indústria. A proposta é, na essência, prestar serviços a terceiros (Leiamais sobre esse assunto na página 5).

Americana, por sua vez, já arrecada mensalmente 850 toneladas de resíduos recicláveis, o que faz despencar o volume de lixo enviado ao aterro sanitário. Enquanto cada habitante das cidades brasileiras reponde por 335 quilos de lixo enviado ao aterro, em Americana cara morador produz 261 quilos anuais.

As projeções tomam como parâmetro a avaliação dos índices de sustentabilidade da limpeza urbana levantados por pesquisa especializada, considerando as cidades do mesmo porte.

ESTRATÉGIA

Ao incentivar a reciclagem, Americana responde a um alerta feito na virada do ano pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), sobre a falta de tratamento dos resíduos aterrados. Para a direção da Sosu (Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos), a política mais adequada é exatamente essa: evitar que resíduos cheguem ao aterro.

A separação dos resíduos é feita de duas formas. A primeira é a coleta formal da prefeitura, que arredada 140 toneladas mensais de material reciclável, provenientes da própria fonte geradora. A outra é a executada por catadores informais, com carrinhos ou caminhões. Juntos, eles arrecadam outras 710 toneladas mensais de resíduos que podem ser reaproveitados.

Todo o material é destinado a cooperativas de reciclagem, para posterior triagem e comercialização. Em resumo, 850 toneladas de lixo deixam se ser aterradas a cada mês. Pelas estimativas oficiais da secretaria, os resíduos que são recicláveis representam, hoje, apenas 9% do carregamento enviado ao aterro.

O dado se refere a uma pesquisa gravimétrica elaborada em 2018, em cumprimento a TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), à pedido do Ministério Público. Para se chegar ao índice, foi feita a separação e a pesagem de uma mostra usada como parâmetro.

Para a direção da secretaria, o engajamento da população à causa aumenta a cada ano. Prova disso é que Americana reaproveita 15% dos resíduos com a triagem, ao passo que a média nacional é de 3%.

COOPERATIVA SURGIU EM 2000

A Cooperlírios foi oficialmente fundada no ano 2000, para se firmar como uma das mais importantes cooperativas de reciclagem da cidade. Por lá, 50 trabalhadores fazem a triagem dos resíduos. E o dinheiro da venda dos recicláveis é essencial na manutenção do orçamento doméstico.

O espaço se transformou em um exemplo de comunidade engajada. Haja visto o que aconteceu em outubro, quando um incêndio devastou a esteira, comprometeu a cobertura do barracão, avariou um muro. A cidade toda se engajou para reformar a cooperativa. Prefeitura e parceiros privados assumiram todos os custos.

“O acontecimento mostrou que a comunidade no entorno nos apoia”, conta o secretário da Cooperlírios, Jhonatan Nunes. Ele, um jovem de apenas 23 anos, trabalha por lá há seis, e afirma que se sente orgulhoso.

O rapaz trabalhava como auxiliar de produção em uma tecelagem. Perdeu o emprego, e ficou surpreso quando foi convidado a integrar o grupo. Ele, que estudava para ser enfermeiro e cuidador de idosos, abraçou a nova profissão por necessidade e se apaixonou. Não saiu mais de lá, e nem pensa nisso.

“Na verdade eu me identifiquei com a cooperativa”, diz.

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