As ocorrências policiais envolvendo drogas aumentaram 72% em um ano em Americana. Os casos de porte, tráfico e apreensão subiram de 381 para 655 de 2018 para 2019. Na região (incluindo Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara e Sumaré), o aumento é de 17%, de 1.615 para 1.886 casos.
Segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo, na região, em 2019, foram 1.886 casos, uma média de cinco por dia. As ocorrências que lideram são as de tráfico: 1.114. Foram 455 casos de porte de entorpecentes e 317 de apreensão, sem pessoas envolvidas.
A Secretaria de Segurança Pública não tem o número de presos envolvidos nessas ocorrências.
Os outros municípios da região tiveram aumentos ligeiros, com exceção de Hortolândia, que teve pequena queda: foram 461 casos em 2018 contra 420 no ano passado. Nova Odessa teve 66 ocorrências em 2018 e 70 em 2019. Santa Bárbara registrou 397 casos envolvendo drogas no ano retrasado e 412 ano passado. E Sumaré foi de 312 para 329 casos.
Em 2018 foram 1.615 casos na região, sendo 1.119 de tráfico e 496 de porte. A Secretaria de Segurança Pública não registrou casos de apreensão nos municípios neste ano. Em 2019 foram 317 casos de apreensão de drogas (quando não há pessoas envolvidas).
O delegado da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Americana, Luis Carlos Gazarini, afirmou que o aumento de prisões e apreensões envolvendo drogas é fruto de maior eficácia da Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal. Para ele, houve mudanças nos critérios de um ano para o outro.
“Acredito que não só pela Polícia Civil, mas também pela PM e GM foram adotados critérios de repressão mais efetivos, fulcrados em inteligência policial, com maior precisão no momento das ações policiais“.
Ele atribui outros motivos ao aumento. “As investigações foram focadas em instrumentos de investigação baseados na era digital, buscando provas inquestionáveis, o que trouxe uma melhor prestação jurisdicional. Por outro lado, o aumento dos efetivos nos patrulhamentos preventivos, tanto da Guarda, quanto pela Polícia Militar, possibilitou o complemento do mecanismo de segurança”, afirmou.
Para o especialista em segurança pública José Henrique Specie, o aumento é bastante considerável. “Sem dúvida nenhuma, evidencia o trabalho da polícia e dos órgãos de segurança, tanto na prática preventiva quanto na ostensiva dos delitos”.
Specie diz que o número de ocorrências crescer demonstra um avanço nesta área com relação aos tipos de crime, mas traz outro alerta que, para ele, está fora do âmbito policial.
“Isso levanta também o problema das drogas, o aumento na atividade criminal relacionada às drogas. Supõe a necessidade de um efetivo contínuo da atuação dos órgãos, mas também de atuação do Estado em aspectos sociais e econômicos, que não cabe à polícia”, afirmou.
O especialista explica também que o crime é um fenômeno complexo. “Há ondas de determinados crimes de tempos em tempos, por várias razões. Uma pode ser a migração de criminosos. Quando a polícia atua forte em um tipo de delito os criminosos migram, mudam o tipo de delito para evitarem serem presos”.
Spence destaca que o aumento nos casos de apreensão, tráfico e porte de drogas se deve à alta presença das drogas na sociedade de forma geral. “Quanto mais a polícia combater efetivamente, vai se descobrir e apreender cada vez mais”.
Ele alerta que é preciso um amplo programa que envolve a solução em termos gerais. Segundo ele, é preciso “analisar a questão de descriminalização de drogas de não tão alto poder maléfico para a sociedade, de forma adequada e profunda, com fundamentos científicos, de saúde pública. E não fazer meramente programas para dar satisfação temporária para a sociedade”.
QUEDA NO INÍCIO DO ANO
A Secretaria de Segurança Pública já divulgou dados deste ano de janeiro e fevereiro. Comparando com o mesmo período no ano passado. Os casos diminuíram, com exceção de Hortolândia.
Americana teve no primeiro bimestre do ano passado 95 casos (36 de porte e 40 de tráfico e 19 de apreensão). No mesmo período em 2020 soma 81 casos (31 de porte, 29 de tráfico e 21 de apreensão). Em Nova Odessa, em 2019, foram 19 casos (cinco de porte, 11 de tráfico e dois de apreensão), que este ano caíram para nove (quatro de porte, quatro de tráfico e um de apreensão).
Santa Bárbara teve a maior queda. Se em janeiro e fevereiro do ano passado foram 89 casos (21 de porte, 62 de tráfico e seis de apreensão), no período em 2020 foram apenas 36 (nove de porte, 26 de tráfico e uma apreensão). Sumaré tinha 36 (quatro de porte, 26 de tráfico e seis apreensões) e caiu este ano para 21 (dois de porte, 14 de tráfico e cinco apreensões).
A exceção é Hortolândia, que em 2019 teve 65 casos (seis de porte, 47 de tráfico e 12 de apreensão), e neste ano foram 77 casos (sete de porte, 50 de tráfico e 20 de apreensão).