sábado, 22 novembro 2025
CONSCIÊNCIA NEGRA

Educadora Claudicir Picolo fala ao vivo à TV TODODIA sobre a importância da educação antirracista nas escolas

Educadora destaca importância de ações contínuas e integradas entre família, sociedade e educação
Por
Nicoly Maia

A TV TODODIA encerrou a semana dedicada à Consciência Negra com uma entrevista ao vivo com a educadora Claudicir Picolo, ex-secretária de Educação de Nova Odessa e atuante em palestras, artigos e formações sobre diversidade e antirracismo. Ela ressaltou que, embora novembro seja um período simbólico, o debate precisa ocorrer ao longo de todo o ano, especialmente nas escolas.

Durante a conversa, Claudicir destacou que “não ser racista” não é suficiente para enfrentar o problema. “Não ser racista é muito fácil. Mas ter enfrentamento de atitudes e comportamentos antirracistas ainda é bastante tênue na nossa sociedade”, afirmou.

Racismo não nasce com a criança
Para a educadora, a formação das crianças é influenciada diretamente pelo comportamento dos adultos. Ela explicou que nenhuma criança nasce racista e que a escola precisa atuar continuamente para promover respeito. “É fundamental não permitir atitudes que discriminem ou humilhem. A escola deve estar sempre à frente, orientando crianças e profissionais.”

A esquerda a apresentadora Sabrina Furlan e a direita a educadora Claudicir Picolo. Foto: Arquivo/TV TODODIA

Educação, família e sociedade atuando juntas
Claudicir defende que o enfrentamento ao racismo exige participação conjunta dos três pilares. “Eu imagino que é um tripé: família, sociedade e educação. As três precisam convergir para formar cidadãos que respeitem e valorizem todas as etnias, raças, cores, religiões e tons de pele.”
Ela ressaltou que projetos escolares devem atingir não apenas alunos, mas também famílias e comunidade. Lembrou ainda que o processo de reconstrução histórica é longo. “Nós viemos de mais de 500 anos de um povo escravizado e visto como subserviente. A recuperação histórica é lenta e exige muito trabalho pedagógico.”

A educadora apontou que debates sobre identidade e diversidade podem ser incorporados por meio de livros, textos, filmes e práticas cotidianas. Casos de bullying por características físicas, segundo ela, devem ser enfrentados com conhecimento histórico. “Quando explicamos a origem do cabelo, da pele, da boca, a partir da história dos povos negros, a discriminação vai perdendo força e dá lugar à valorização da etnia.”

Educar crianças para transformar o futuro
Claudicir afirmou que crianças têm maior abertura para aprender sobre respeito e diversidade. “Nós, adultos, temos mais dificuldade de mudar. Já acumulamos pré-conceitos e experiências ruins. As crianças não. Elas aprendem, transformam e levam isso para a vida.”

Citando levantamentos sobre população negra no país, ela comentou que o reconhecimento da própria identidade ainda é um desafio. Para Claudicir, a negação da autodeclaração é reflexo de falhas históricas na educação.

A educadora também reforçou a importância de reconhecer povos originários e suas contribuições, defendendo que a representatividade precisa estar ligada ao presente. “Quando nós tiramos o negro do contexto da escravidão e trazemos para o século XXI, ele sendo médico, dentista, banqueiro, nós o realocamos na sociedade no seu papel correto”, afirmou.

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