O câncer de mama deixou de ser exclusivo de mulheres mais velhas. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a doença tem aumentado entre mulheres com menos de 35 anos. Em 2022, essa faixa etária representou 5% dos casos, ante 2% em anos anteriores. Faça o acompanhamento regularmente.
O diagnóstico precoce
O Dia Internacional da Mulher de 2023 ficou marcado como um ponto de virada na vida de Keite de Oliveira, moradora de Americana, que aos 34 anos percebeu que algo estava diferente. “Eu já tinha o costume de fazer o autoexame, mas achava que não tinha idade para ter câncer. No sábado, depois de sair com meu marido, algo me dizia que eu precisava voltar para casa. Quando levantei o braço esquerdo, senti o caroço e tive certeza de que algo estava errado”, lembra.

Na segunda-feira seguinte, ela realizou uma ultrassonografia e recebeu o primeiro sinal de alerta: o exame apontou um BRH4, indicando alta suspeita de malignidade. “Meu mundo desabou. A gente estava com planos de engravidar, e, de repente, tudo parou”, conta. Em três dias, Keite fez todos os exames necessários e recebeu a confirmação. “O médico repetiu três vezes: você está com câncer. Na terceira, minha cabeça girou”, recorda.
Um tratamento árduo e uma luta pela vida
O diagnóstico deu início a um processo intenso de tratamento. Foram seis sessões de quimioterapia, 17 terapias-alvo e três cirurgias. “A quimioterapia foi o que mais mexeu comigo. Em 14 dias eu já não tinha mais cabelo. Cada fio doía para cair, e meu marido precisou raspar minha cabeça”, diz.
Durante a quarta sessão, Keite viveu o momento mais difícil da jornada. “Eu apaguei. Passei tão mal que achei que fosse morrer. Disse para minha família que não faria mais quimio, porque sentia que não era a doença que me matava, mas o tratamento.”
Foi nesse ponto que a força emocional se tornou essencial. Com apoio psicológico e da família, Keite decidiu continuar. Ela relata que equipes médicas, familiares e amigos pediram para que ela não desistisse. A vitória veio na última sessão, quando pôde tocar o sino da quimioterapia. “Foi o dia mais feliz da minha vida. Eu dizia para todo mundo: é minha última químio! A sensação foi de que Deus me colocou no colo e disse que o sofrimento tinha acabado.”
Cirurgias, reconstrução e autoestima
Vinte dias depois, ela passou por cirurgia e, após um novo resultado, precisou ampliar a margem da retirada. Keite ainda teve de realizar outra cirurgia, até receber o diagnóstico de que estava livre da doença.
Foram 15 sessões de radioterapia, que transcorreram de forma tranquila, já que ela seguiu corretamente as orientações médicas.
A perda do cabelo e as mudanças no corpo, no entanto, mexeram com sua autoestima. “A quimio leva sua vaidade, leva a sua autoestima. Eu não me achava bonita e evitava sair de casa. As pessoas olham com pena, mas o que a gente precisa é que olhem com admiração, porque estamos vencendo.”
Nova fase
Atualmente, Keite segue em acompanhamento. Em janeiro, fará mastectomia bilateral e implantará expansores. “Vivo um dia de cada vez. Amanhã não pertence à gente, só Deus sabe o que vem.”
Após tudo o que viveu, ela diz ter aprendido a ver o mundo de outra forma. “Sou grata por acordar todos os dias. Quando estava na quimio, eu não sabia se veria o dia seguinte. Hoje, valorizo cada segundo, minha família, minha saúde e a chance de recomeçar.”
A importância do acompanhamento médico
O mastologista Dr. Gildo Gardinalli Filho, da Unimed, reforça a importância da atenção aos sinais do corpo e dos exames de rotina. “Quando a paciente percebe um nódulo, espessamento ou vermelhidão, é preciso procurar um médico. O primeiro passo é a mamografia, seguida da biópsia, para definir o tipo de lesão e o tratamento adequado”, explica.