Mercedes Classe C volta ao Brasil importado da África do Sul
Sexta geração do sedã traz instrumentos digitais e motorização híbrida
Dos 11 milhões de Mercedes Classe C produzidos no mundo, 40 mil rodam no Brasil. É o modelo mais vendido da marca por aqui, e um dos melhores carros já fabricados no Brasil. O período de produção nacional foi encerrado há um ano, quando a fábrica de Iracemápolis (interior de São Paulo) foi fechada. A unidade foi comprada pela chinesa Great Wall, que iniciará a montagem de seus carros em 2023.
A sexta geração do sedã Mercedes retorna ao mercado nacional como importado. As primeiras unidades virão da Alemanha e, depois, da África do Sul.A marca promoveu uma apresentação da opção C300 AMG Line, que custa R$ 399,9 mil. O preço pode assustar aos que trazem na memória o valor cobrado há um ano, quando a versão equivalente era vendida por R$ 319 mil.
É necessário, contudo, considerar a disparada geral dos preços de veículos, os custos de importação e os problemas envolvendo falta de peças e desvalorização do real. Mas o que de fato assusta é a falta de competitividade do país quando o assunto é transpor fronteiras. A fábrica sul-africana da montadora produziu 650 mil unidades do Classe C de quinta geração entre 2014 e 2020. Além de atender ao mercado interno, os carros foram exportados para 90 países.
Já a fábrica de Iracemápolis jamais atingiu a capacidade máxima de 20 mil unidades por ano. Esse número foi alcançado apenas em dezembro de 2018, dois anos e oito meses após o início das operações. O foco sempre esteve em um então combalido mercado interno.
Com o encerramento da produção, o Brasil perdeu a chance de chamar de nacional um dos sedãs mais evoluídos da atualidade, e que deverá receber versões elétricas em breve. A diferença entre as gerações é notável.
O novo Classe C está mais próximo da linha E nos quesitos luxo e qualidade construtiva, mas preserva a esportividade. Está mais refinado e tecnológico que antes.
As telas digitais dominam todo o painel, não há um único mostrador analógico. Há superfícies sensíveis ao toque até mesmo onde botões convencionais fariam mais sentido, como nos comandos elétricos dos retrovisores.
Câmeras e sensores monitoram o tráfego ao redor. O C300 tem sistema de frenagem autônoma que reconhece carros, ciclistas e pedestres.
A grade frontal é repleta de estrelinhas de três pontas e a traseira traz lanternas mais estreitas e alongadas que antes. O carro cresceu 6,5 centímetros, mas não houve um ganho expressivo de espaço interno.
Há uma profusão de LEDs na cabine, que podem ser combinados em 300 variações de luzes e cores.
O motor 2.0 turbo a gasolina que equipa o C300 tem 258 cv de potência e 40,8 kgfm de torque. O sistema híbrido leve entrega 27 cv extras e reduz o consumo de gasolina.
Em uma volta rápida no autódromo Haras Tuiuti, foi possível notar que o novo Classe C se distancia do menor sedã da marca, o Classe A. O novo modelo trata melhor os ocupantes, com suspensão focada em conforto e baixo nível de ruídos. A Mercedes fala em uma aceleração do zero aos 100 km/h em 6s, e o motor elétrico do sistema híbrido ajuda nessa tarefa.
VERSÕES
Além do C300, a Mercedes traz a versão C200 AMG Line (R$ 350 mil), com motor 1.5 turbo e também equipado com o sistema híbrido leve. Se o Brasil fosse competitivo e exportador de bens manufaturados, Iracemápolis poderia continuar a produzi-los. Representantes da Mercedes dizem que os custos de fabricação no Brasil não eram muito diferentes das demais fábricas - o Classe C também é produzido na China e nos EUA.
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