segunda-feira, 25 novembro 2024

Caboclo foi aconselhado por Ricardo Teixeira a trocar Tite por Jorge Jesus

O encontro não aconteceu por amizade entre os dois, mas em um momento de desespero de Caboclo, cada vez mais isolado no poder da CBF 

A proposta era trocar o técnico Tite e o coordenador de seleções, Juninho Paulista, pelo português Jorge Jesus, hoje no Benfica ( Foto: Reprodução/ CNN)

Acuado entre a insatisfação dos jogadores por ter aceitado sediar a Copa América e a denúncia de ter cometido crimes de abuso sexual e moral, Rogério Caboclo apelou para os conselhos de Ricardo Teixeira, chefão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por 23 anos.

O encontro não aconteceu por amizade entre os dois, mas em um momento de desespero de Caboclo, cada vez mais isolado no poder da CBF. Ele foi afastado pelo Comitê de Ética da confederação, por 30 dias, no último domingo (6). É o tempo que terá para se defender da denúncia de abuso feita por uma assessora especial da presidência.

O conselho de Teixeira, 73, que comandou a CBF de 1989 a 2012, foi atacar. Sugeriu que ele demitisse funcionários da entidade, diretores, e se livrasse de alguns vice-presidentes. Recomendou ainda que promovesse uma mudança no futebol.

A proposta era trocar o técnico Tite e o coordenador de seleções, Juninho Paulista, pelo português Jorge Jesus, hoje no Benfica (POR), e pelo vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, respectivamente.

A dupla foi responsável pelo Flamengo campeão brasileiro e da Libertadores em 2019. É o clube do coração de Teixeira.

O sucesso de Jesus e Braz à frente do time de maior torcida no país amenizaria a repercussão negativa pela demissão de Tite por questões apenas políticas, acreditavam Caboclo e Teixeira. O atual treinador vive bom momento com a seleção brasileira, líder das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 com seis vitórias em seis confrontos.

Caboclo não teve tempo de atacar. Foi afastado antes disso. Ele também era pressionado pelo governo federal a substituir Tite. Em declaração à ESPN, ele chegou a negar a intenção de mudar o comando do futebol.

Ao jornal Folha de S.Paulo, na terça (8), reafirmou sua inocência: “Eu estou totalmente consciente do que não fiz”.

O aconselhamento do ex-presidente para o cartola agora afastado é inesperado. Ele só foi alçado à presidência por Marco Polo Del Nero, desafeto de Teixeira e banido do futebol. Mas Caboclo se sentiu traído e concluiu que a funcionária que o acusa de assédio mantinha amizade e a proteção de, pelo menos, dois diretores da entidade.

Também estava revoltado com o técnico Tite e com Juninho Paulista, que não atenderam ao pedido do então presidente para conter a revolta dos atletas. Ainda por cima, a comissão técnica reiterou o apoio aos desejos do grupo. Para Caboclo, o treinador lhe devia lealdade, não ao elenco.

A relação com os atletas também estava muito desgastada.

O incômodo apenas cresceu desde a apresentação do grupo para as partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo, contra Equador e Paraguai. Em reunião com Caboclo no início da semana passada, antes de viagem a Porto Alegre, o elenco, com as bênçãos do treinador, cobrou o dirigente sobre falta de diálogo, a realização da Copa América um ano antes do Mundial e o que consideraram desorganização na preparação da seleção.

A reação do presidente foi a pior possível, na visão do elenco. Reagiu como se os jogadores fossem subordinados que deveriam obedecer às ordens dos dirigentes.

Caboclo deu início ao plano de caças as bruxas no sábado (5). Como primeiro passo, ele assinou a carta de exoneração de Walter Feldman, secretário-geral da CBF e braço direito. A irritação do presidente era pelos pedidos do funcionário para que ele se afastasse do cargo.

Em seguida, o então presidente planejou para segunda (7) a demissão de diretores executivos e uma reunião extraordinária com os oito vices. Não deu tempo.

Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, assumiu a presidência por ser o vice mais velho (82 anos), revogou a exoneração de Feldman e logo assegurou a permanência de Tite. “Aquele ditado: em time que está ganhando não se mexe”, disse Nunes, em entrevista ao jornal O Liberal, do Pará. 

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