Em jogo do Campeonato Brasileiro, contra o Botafogo, nem mesmo o protesto da torcida saiu como o esperado
Após a derrota do São Paulo por 1 a 0 para o Botafogo, neste domingo (9), no Morumbi, Rogério Ceni afirmou que quer permanecer no cargo e que pretende cumprir seu contrato até o fim de 2023, mas pediu mudanças no clube e no elenco tricolor. “Pretendo cumprir meu contrato, que é até o fim de 2023, gostaria de cumprir até o ano que vem”, afirmou o treinador. Ceni, porém, disse que sua permanência depende também da administração do São Paulo.
“O clube quer que eu fique, eu também quero ficar, só temos que reunir melhores condições para que o clube possa trabalhar bem e eu possa entregar melhores resultados, treinador que não entrega bons resultados, infelizmente não serve”, completou Ceni. Na coletiva, o técnico do São Paulo disse entender os protestos da torcida do Morumbi e afirmou que a derrota na final da Sul- -Americana “abriu uma ferida” no coração do torcedor.
“Quero muito vencer com o São Paulo, quero entregar vitórias e títulos, tenho um carinho enorme pelo clube”, afirmou. A crise no São Paulo é também na aparência. Os narizes de palhaço prometidos pela Independente, principal torcida organizada do clube, mal apareceram nas arquibancadas do Morumbi, durante a derrota para o Botafogo, pela 31ª rodada do Brasileiro. O acessório era a grande aposta da organizada para protestar contra o atual momento tricolor, após a derrota na final da Copa Sul-Americana.
A campanha pelos narizes de palhaço ocorreu desde a metade da semana, quando o São Paulo venceu o América-MG fora de casa. A Independente ofereceu ingressos e um saco de pipoca a quem comprasse o acessório para protestar contra o time.
O plano de um grande protesto não decolou e o que se viu foram poucos torcedores com o nariz de palhaço na arquibancada. Antes disso, na chegada da delegação, a preocupação com as cobranças foi dissipada pela pouca presença da torcida ao redor da praça Roberto Gomes Pedrosa. Quem estava lá, porém, vaiou. Mesmo antes de o ônibus aparecer, a Polícia Militar já tinha cedido espaço para os torcedores se aproximarem da arena. Faltando três horas para o jogo começar, a movimentação na “casa Independente”, sede da principal organizada do São Paulo, e que fica em frente ao estádio tricolor, era baixa. O semblante era mais de resignação do que de fúria.
Durante a partida, o clima seguiu tenso, muito pela falta de criatividade do time de Rogério Ceni, que não conseguia penetrar a defesa adversária. Mas a torcida estava mais disposta a apoiar do que criticar o time em campo. No intervalo, parte dos torcedores presentes pediram “respeito com a camisa tricolor”, mas durou pouco.
ENTREVISTA
Em entrevista à reportagem, Ceni falou sobre sua permanência e ainda sobre o planejamento para 2023, projetou chegadas e saídas e chegou a dizer que, se fosse bilionário, compraria o São Paulo, pagaria a dívida e investiria na marca do clube.
REPORTAGEM – Pretende ficar no São Paulo?
CENI – “Às vezes você quer ficar e os outros não querem que você fique, às vezes os outros querem que você fique e você não quer ficar, isso depende muito, a cada jogo se faz uma análise, quando ganha está ótimo, se for campeão é perfeito, quando perde o trabalho é ruim e assim vai. Nós temos um bom elenco, numeroso, e alguns jogadores que faltam para gente, mas o time dentro do que nós temos ele joga, controla a maioria dos jogos, tem oportunidades, são raríssimos jogos, principalmente no Morumbi, que a gente deixa de dominar o jogo e de ter possibilidades de vencer. Quando não acontece se muda o discurso, não existe meio-termo no futebol, é sempre 8 ou 80, o resultado é o que vale no futebol, as avaliações são em cima do resultado, o que faz sentido.”
Vai cumprir o contrato?
“Pretendo cumprir meu contrato, que é até o fim de 2023, gostaria de cumprir até o ano que vem, mas o clube pode não querer que eu fique, se você perde uma sequência de jogos, quantos treinadores que conseguem começar e terminar o ano? O futebol é dessa maneira, se não tivermos opções e um time que possa competir, as pessoas não querem saber de dívida, querem saber dos resultados, se não apresentarmos resultados não faz sentido nem para o clube nem para mim. O São Paulo conseguiu chegar longe, mas não conseguiu conquistar o principal, que era o título, sem lembrar que o São Paulo jogou todos os jogos possíveis no ano, à exceção das finais da Copa do Brasil, onde fomos até a semifinal, mas chegamos em duas finais. O clube quer que eu fique, eu também quero ficar, só temos que reunir melhores condições para que o clube possa trabalhar bem e eu possa entregar melhores resultados, treinador que não entrega bons resultados, infelizmente não serve.”
Planejamento para 2023?
“Tem jogadores que tem contrato, a maioria até 2023, mas no momento não parece haver verba para contratação de novos jogadores, não é que não existe planejamento e está tudo largado, tem jogadores, Diego tem contrato, Nestor tem contrato, outros que chegaram tem contrato, mas saídas e chegadas acontecerão como em todos os clubes. Temos que fazer um balanço no final do ano, para ver se a dívida diminuiu, se diminuir é porque de alguma maneira financeiramente as coisas estão ficando menos piores para o clube. Para ir com força no mercado é um momento delicado, difícil, se nós tivéssemos vencido a Sul-A mericana, esportivamente nós teríamos crescido, como não vencemos ficamos estagnados como em outros anos. A conquista da Sul-Americana teria dado outra conotação ao trabalho, mas o futebol é muito ligado a conquistas e vitórias.”
Time mais forte e cascudo?
“Alguns jogadores precisam chegar em mais finais para que se crie esse ambiente vitorioso, tem poucos jogadores com título aqui, muitos são jovens, outros só têm o título paulista como alicerce, então passa por isso. Se não tem condições de fazer um time competitivo no ano que vem, vai ser mais difícil, para mim pesa muito a derrota na final por se tratar de São Paulo, pela identificação com o clube. Adoro trabalhar aqui e gostaria de entregar títulos para o São Paulo, mas no momento temos que ser francos, nós disputamos dois títulos diretamente, de três chegamos em dois com chances de ser campeão, mas não estávamos preparados, jogamos abaixo do que a gente jogou na média nos campeonatos, não tem explicação lógica para isso.”
E em relação com os jogadores?
“Estou aqui trabalhando com eles todos os dias, entrego o máximo de esforço assim como eles, chego muito cedo para trabalhar, analiso adversários, entrego o máximo de informações aos jogadores, estamos fazendo semore o melhor. Tem jogadores em final de contrato, saídas acontecerão, e o clube que é o mais importante vai ficar. Vamos tentar a vaga na pré-Libertadores, temos esse jogo a menos que pode nos deixar vivo. Nós fazemos nosso melhor, a direção tenta dar as melhores condições possíveis, está todo mundo tentando ajduar o São Paulo a sair dessa posição difícil.”
Como vê o sentimento da torcida?
“Você nunca vai para guerra e volta sem ferimentos, você acaba sempre se machucando, é um momento delicado nesse sentido, o torcedor queria ser campeão, nós gostaríamos de ser campeões, infelizmente não conseguimos, mas é do futebol. Ninguém joga para não ganhar, nosso intuito era entregar o título, isso pesou muito, só o tempo e os resultados vão melhorar as feridas de um jogo que tanta gente foi até lá de todas as maneiras esperando que fosse retribuído com uma conquista, mas falhamos nisso. Hoje ficou aquela ferida aberta, existem os protestos, o que é cabível nesse momento, o torcedor fica indignado, vamos continuar trabalhando, a vitória era para ter vindo, mas o Botafogo fez 1 a 0 num pênalti no fim com uma cobrança de lateral.