quarta-feira, 1 outubro 2025
BEM-ESTAR

Como o esporte transforma a saúde mental e melhora a qualidade de vida

Especialistas e estudos científicos mostram que a prática regular de atividades físicas traz benefícios para socialização, autoestima e bem-estar emocional
Por
João Victor Viana

Ao falar de esporte, a associação imediata costuma ser com os benefícios físicos. Mas cada vez mais estudos mostram que a prática também é fundamental para a saúde mental e para a qualidade de vida.

Estudos apontam outros benefícios do esporte
Pesquisadores de universidades da Austrália reuniram dados de 29 estudos e, em 2023, publicaram na plataforma Springer Medicine conclusões sobre os efeitos do esporte na saúde mental de adultos. Os resultados apontaram melhorias significativas, principalmente na socialização e no desenvolvimento da autoestima.

O periódico PLOS One, em 2022, divulgou um levantamento realizado com mais de 11 mil crianças, de 9 a 13 anos, nos Estados Unidos. O estudo mostrou que a participação em esportes coletivos está associada a índices 10% menores de ansiedade, 19% menores de retraimento ou depressão e 17% menores de dificuldades de socialização.

Especialistas explicam os benefícios
A psicóloga especialista em esportes, Marta Minopoli, que atua diretamente com atletas e em clubes, e atualmente é Coordenadora de Psicologia da Fúria, equipe brasileira de esportes eletrônicos, reforça como o esporte influencia diretamente na vida das pessoas.

“O esporte é um ambiente de transformação, tanto social quanto pessoal. Então, através da atividade física, a pessoa tem bastante benefício em relação à saúde mental. Além de toda produção hormonal, o esporte é um ambiente que as pessoas socializam, que elas buscam pertencimento, que elas conseguem se superar, além de benefícios em relação a ganho de energia e melhora do sono”, disse a especialista.

Depressão
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. O Brasil é o país com o maior número de casos da doença na América Latina, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). No mapeamento sobre a doença realizado pela OMS, foi levantado que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a quase 12 milhões de brasileiros.

Esporte pode ser uma porta de saída
De acordo com Minopoli, a ambientação e a socialização proporcionadas pelo esporte ajudam tanto quem tende a ficar mais isolado quanto pessoas que apresentam sintomas depressivos ou ansiosos. “A atividade física proporciona essa troca entre as pessoas. Tem toda uma superação, tem toda uma rede de apoio, principalmente as pessoas que fazem atividade física com mais de uma pessoa”, explicou.

corrida de rua
A corrida de rua é um dos esportes com mais adeptos nos dias de hoje. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Dar o primeiro passo
O educador físico William Barbosa, especialista em triatlo, relata que percebe, na prática, a evolução dos alunos a partir da mudança de hábitos proporcionada pela atividade física. Segundo ele, quem começa a se exercitar tende a modificar outros aspectos da rotina, como a alimentação e os horários de sono.

“Uma das principais dicas é formar uma rotina de treino. Falar ‘eu vou fazer sete vezes por semana’, não precisa disso no momento. Isso é uma das principais coisas. Pelo menos fixar duas a três vezes por semana e iniciar. E nisso, não brigar com nenhum tipo de resultado, só pensar na frequência de sair de casa e ir”, orientou o professor.

Defina metas possíveis
A psicóloga também alertou para a questão da frustração. Segundo ela, estabelecer metas muito difíceis de alcançar pode gerar desmotivação quando não são atingidas, o que acaba inibindo a vontade de continuar. “Coloque que seja duas vezes na semana. Cumpriu, você vai ficar muito mais satisfeito. Se você falar que vai todo dia e for dois, você vai ficar frustrado, e a tendência é largar”, explicou.

No último dia do Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental e à valorização da vida, os especialistas reforçam que pequenos passos, como a prática regular de esportes e a adoção de hábitos saudáveis, podem fazer grande diferença no bem-estar e na qualidade de vida de cada pessoa.

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