Após cinco meses afastada da CBF, ela voltou a trabalhar este mês
A funcionária da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que acusa o presidente afastado Rogério Caboclo de assédio sexual disse neste domingo à noite (19) que nenhuma mulher deveria passar pelo mesmo episódio. Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, ela afirma: “É uma dor que não acaba”.
“Eu ficava tensa, chegava em casa chorando. No dia seguinte acordava e pensava: ‘Não vai ser tão ruim, eu preciso desse trabalho’. E chegava no trabalho e era pior.”
por Funcionária da CBF relata assédio cometido pelo presidente Rogério Caboclo
Ela relembra um dos episódios: “Ele começou a fazer comentários sobre um diretor da CBF. ‘Você vai contar para fulano, você é a cadelinha dele’. Quando eu comecei a falar, ele latiu para mim, foi até a cozinha e voltou com um saco de biscoito de cachorro e me ofereceu”.
No dia seguinte, ao confrontá-lo sobre as ofensas, Caboclo disse que não iria mais comentar sobre a vida pessoal da funcionária: “Mas disse também que eu não poderia mais ser amiga de ninguém, sorrir para ninguém e que teria que mudar a forma de me vestir. Ele queria ter mais poder sobre mim, não só como patrão, mas como homem. Eu tinha muito medo dele”.
Ela também relata que foi ameaçada por Caboclo e que o presidente teria enviado um carro para vigiá-la na porta de casa. A minha depressão chegou num nível que pensei: ‘Vou morrer’. Aquilo foi acabando comigo.”
Após cinco meses afastada da CBF, a funcionária retornou ao trabalho no início de setembro. “Denunciem seus assediadores, é a única forma de quebrar o ciclo e proteger futuras vítimas”. Ela disse sentir uma “alegria enorme” por voltar ao trabalha. “A CBF é a minha casa há mais de nove anos”.
Em junho, o Fantástico divulgou trechos de uma conversa de Rogério Caboclo com a funcionária. Naquele mesmo dia, horas antes, a Comissão de Ética do Futebol determinou o afastamento de Caboclo do cargo.
Nos áudios, gravados pela vítima, Caboclo pergunta se a funcionária “se masturba” e se ela “está dividida” entre dois funcionários. Rogério Caboclo nega tudo e reiteradamente diz que está sendo alvo de um golpe orquestrado por Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF e banido do futebol pela Fifa. A Comissão de Ética do Futebol Brasileiro puniu Caboclo com um total de 15 meses de afastamento do cargo por entender que houve “conduta inapropriada”.