‘Sniper corintiano’, ‘novo Paulinho’, ‘Scholes de Itaquera’. Os apelidos, com diferentes graus de criatividade e humor, estão entre os criados pelo Corinthians, por jornalistas ou por torcedores para o volante Éderson, autor do gol da classificação do clube sobre o Mirassol neste domingo (2) e o principal destaque do time comandado por Tiago Nunes na retomada do Campeonato Paulista.
Mesmo em crise financeira, o Corinthians recorreu ao Banco BMG, seu patrocinador, e fez pesados investimentos em contratações. Duas das mais midiáticas foram justamente de meio-campistas: Luan, ex-Grêmio, e o colombiano Victor Cantillo custaram juntos cerca de R$ 37 milhões. Ambos oscilaram no decorrer da temporada e, no momento decisivo, quem comandou a classificação foi o volante Éderson, que chegou sem alarde, a custo zero.
Éderson tem uma trajetória peculiar no futebol – fez o caminho inverso do trilhado por vários jogadores de renome que costumam se transferir, já com idade avançada, para a China.
Cria do Desportivo Brasil, clube fundado pela Traffic, o volante fez parte de sua formação no Shandong Luneng, clube chinês cujo grupo controlador adquiriu o Desportivo. Dali, se transferiu ao Cruzeiro.
No clube mineiro, foi um dos poucos nomes poupados pela torcida na campanha de rebaixamento à Série B do Brasileirão em 2019. Mas entrou em litígio com a diretoria, movendo uma ação trabalhista de R$ 2 milhões. Sem acordo, deixou a Toca da Raposa e acertou com o Corinthians no final de fevereiro, mas teve pouco tempo para mostrar serviço até a suspensão do futebol em virtude da pandemia do novo coronavírus.
Com a retomada do Campeonato Paulista, Éderson teve ascensão meteórica. Já são três gols em três partidas consecutivas, todos elas decisivas.
“Eu não imaginava uma ascensão tão rápida como a que está acontecendo. Esperava ter um bom desempenho, estou trabalhando muito para isso, mas não marcar três gols seguidos, começar jogando assim. Agradeço o trabalho reconhecido e chegar a essa final” disse o volante no domingo, admitindo surpresa com o sucesso imediato.
No Corinthians, Éderson tem a oportunidade de dar seguimento a uma tradição de volantes que exerceram papel fundamental em equipes vencedoras – cumpriam seu papel defensivo e chegavam com competência ao ataque. Além de Paulinho, com quem tem sido comparado, carregaram essa tradição nomes como Elias, Edenílson, Bruno Henrique, Jucilei e Maycon.
NUNES ELOGIA
Para o treinador Tiago Nunes, o jovem de apenas 21 anos tem características que se adequam à função, além de um perigoso chute de fora da área: “O Éderson tem o atributo do chute. É um jogador que tem uma chegada no último terço, trabalha de intermediária a intermediária. Estamos tentando potencializá-lo em uma posição que cresça. E só faz gol de fora da área quem arrisca, e ele tem esse atributo. Teve a benção de Deus de viver esse momento maravilhoso”, disse o treinador.
Com suas atuações, o volante se credenciou para ser titular em sua primeira final pelo Corinthians, jogo que será também seu primeiro clássico, amanhã (5), diante do Palmeiras, na Arena Corinthians. O segundo confronto será no sábado (8), no Allianz Parque.