Únicos dois representantes de fora da elite nacional nas quartas de final da Copa do Brasil, América-MG e Cuiabá têm em comum a boa campanha na Série B do Campeonato Brasileiro (estão na zona de acesso à Série A) e a aposta em modelos de gestão empresariais para o futebol.
No clube mineiro, as tomadas de decisão são responsabilidade de quatro membros do conselho de administração. O da capital mato-grossense é comandado pela família Dresch, de empresários do ramo da borracha.
Se guardam semelhanças, as agremiações também possuem várias diferenças entre si. O América nasceu em 1912 e está conduzindo agora o seu processo de conversão para o formato clube-empresa. O Cuiabá já surgiu com essa configuração, em 2001.
O principal desafio de mineiros e mato-grossenses nesta temporada é brigar pelo acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. A boa campanha na Copa do Brasil, porém, já trouxe visibilidade e dinheiro.
A classificação às quartas de final – quando o América eliminou o Corinthians e o Cuiabá passou pelo Botafogo – rendeu para cada vencedor R$ 3,3 milhões pagos pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Nesta quarta (11), o time verde-amarelo enfrentará pela primeira vez em sua história o Grêmio, às 19h, pela ida das quartas, na Arena Pantanal.
“É um dinheiro que não estava previsto, mas que vai ajudar bastante no orçamento anual do clube”, diz Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá.
América e Internacional jogam às 21h30, no Beira-Rio. Marcus Vinícius Salum, presidente do conselho de administração do clube mineiro, diz que estava previsto no orçamento deste ano uma premiação da CBF por classificações somente até a terceira fase do torneio, algo em torno de R$ 2,7 milhões.
Minutos depois de passar pelo Corinthians, o perfil do time fez um post nas redes sociais cobrando a recompensa financeira pela vaga nas quartas: “Alô, CBF! Faz a TED”. “Estamos vivendo um ano com perdas de receitas, poucas vendas de atletas, queda de receitas com patrocínio, matchday e gastamos mais com hospedagem e viagens”, afirma Salum.
A proposta de conversão para o modelo empresarial foi aprovada pelo conselho deliberativo em julho, sob o argumento de que, sem um investidor, o América viverá sempre entre acessos e rebaixamentos.
Para se converter em clube-empresa, os mineiros contrataram a empresa de auditoria e consultoria EY. Primeiro, foi feito um estudo para montar uma estrutura de governança e um levantamento de valores da marca e de ativos do clube. Atualmente, o trabalho é de prospecção de investidores.