Uma nota oficial divulgada pelo Anápolis Futebol Clube, de Goiás, trouxe à tona uma realidade preocupante que envolve crianças e adolescentes que sonham em se tornar jogadores de futebol. O clube denunciou a atuação de supostos intermediários que, de maneira ilegal, utilizam o nome e a imagem da instituição para prometer testes e vagas em troca de dinheiro ou favores ilícitos.
Na nota, o Anápolis afirma que “jamais autorizou qualquer pessoa ou páginas de redes sociais a utilizarem sua imagem para avaliações e captações de atletas, principalmente sob promessa de incorporação no elenco da equipe profissional.”
Clube goiano nega qualquer cobrança
O clube goiano reforça que não realiza cobranças para avaliações, tampouco solicita valores referentes a viagens, hospedagens ou alimentação. “Tais práticas não se relacionam com o modelo de gestão aplicado pela instituição, motivo pelo qual tomará as medidas legais cabíveis junto à Polícia Civil do Estado de Goiás”, completa a nota.
Casos semelhantes se repetem na região
A prática irregular também tem sido registrada em outras regiões do país. Em São Paulo, clubes tradicionais como Rio Branco de Americana e XV de Piracicaba já tiveram seus nomes usados indevidamente por pessoas que se dizem agenciadores de atletas.
Bruno Bonini, coordenador das categorias de base do Rio Branco, destaca que todas as avaliações do clube seguem um processo oficial, amplamente divulgado pelas redes sociais verificadas. “Não temos nenhum intermediário. Na última avaliação, no fim do ano passado, recebemos cerca de 900 atletas de sete estados e até de outros países. Toda a comunicação é feita pelos nossos perfis oficiais no Instagram e Facebook”, afirmou.

Transparência é compromisso, diz XV de Piracicaba
No XV de Piracicaba, o cuidado com a transparência também é prioridade. Ivan Oriani, diretor de formação do clube, alerta que nenhuma pessoa ou entidade está autorizada a captar jogadores em nome do XV. “Sabemos o quanto o sonho de jogar futebol é importante para esses meninos. Muitos pais fazem grandes sacrifícios para proporcionar isso aos filhos, e por isso nos esforçamos ao máximo para manter todo o processo limpo e transparente”, explicou.
A voz de quem vive o sonho, e os desafios
A história do lateral-direito João Pedro, conhecido como Bahia, ilustra as dificuldades enfrentadas por muitos jovens. Integrante das categorias de base do Rio Branco, o jogador de 17 anos deixou a Bahia para tentar a sorte em São Paulo. Ele já participou de diversas peneiras e admite ter cogitado abandonar o sonho diante de promessas não cumpridas por falsos empresários.
“Existem empresários que prometem muitas coisas e não cumprem. Quando saí da Bahia, sabia que o caminho seria difícil. A saudade da família dói muito, mas esse é meu sonho e vou até onde puder para realizá-lo”, afirmou o atleta, que hoje atua pelo time sub-20 do clube.
Orientações para evitar armadilhas
A principal recomendação para atletas e familiares é verificar diretamente com os clubes se há, de fato, processo seletivo em andamento. Além disso, jamais devem pagar por inscrições em peneiras, assinar documentos sem orientação ou fornecer procurações a terceiros.
Embora o sonho de se tornar jogador profissional mova milhares de jovens, é preciso estar atento: para cada oportunidade legítima, pode haver um golpista tentando transformar esse desejo em um verdadeiro pesadelo.