Se existem objetivos diferentes para Ponte Preta e Guarani na Série B do Campeonato Brasileiro, em um ponto ambos estão juntos: administração de crises políticas que parecem infinitas. Seja pela disputa de poder ou para alterar métodos administrativos, os dois clubes se transformaram em palco de ressentimentos, mágoas e luta pelo poder.
Na segunda-feira passada, o presidente de honra, Sérgio Carnielli atacou o atual presidente José Armando Abdalla Junior no Conselho Deliberativo e reafirmou que tinha feito aportes no clube para quitar dividas trabalhistas e inscrição de jogadores. Na quarta-feira, o dirigente encaminhou uma carta pública em que reconhece os feitos do dirigente na gestão pontepretana, mas afirma que o dinheiro só chegou na gestão do ex-presidente Vanderlei Pereira.
No meio da confusão, o saldo negativo ficou na mão do técnico Marcelo Chamusca, demitido no final da noite de quarta-feira após a derrota para o Brasil de Pelotas, no estádio Moisés Lucarelli. Apesar dos entreveros, Abdalla tenta transmitir a imagem de que está tudo sob controle.
“Ele (Carnielli) continua sendo presidente de honra da Ponte, é um ex-presidente, que tem seus objetivos, como a tarefa de construir a arena. É claro que ele acompanha e se entristece com os resultados, que não estão vindo. Eu sou presidente da Ponte e tenho que tomar as decisões que cabem à minha responsabilidade. E sei exatamente as prerrogativas que cabem a um presidente da Ponte Preta e o Sérgio concorda”, disse.
No Guarani, a luta pelo acesso não tirou o foco das lutas políticas. A reunião do Conselho Deliberativo realizada na quarta-feira virou alvo de polêmica. Primeiro com as modificações do edital. Posteriormente, com a decisão da mesa do Conselho Deliberativo de assumir a conduta do processo de análise da terceirização. Mais: em caso de acesso, ficou definido que a negociação com os dois grupos voltará à estaca zero.
Apesar do imprevisto, o presidente do Guarani, Palmeron Mendes Filho defende a necessidade da discussão da terceirização, seja qual for o período.
O jogo de bastidores dos dois clubes está longe de acabar.
‘Desgaste natural’, diz ex-presidente
Encarregado de assumir a Ponte Preta em um instante delicado no final de 1987, o Conselheiro Nato e ex-presidente Marcos Garcia Costa, 80, é um dos críticos ao comportamento do presidente de honra, Sérgio Carnielli e de seu grupo político. Para ele, tudo isso poderia ser evitado caso fosse registrado bom senso para entender a hora de sair de cena.
“Toda administração que perdure por muito tempo, sofre um desgaste natural. Esse é o caso de Sérgio Carnielli. O divulgado rompimento com a atual Diretoria Executiva agrava o desgaste, pelo fato de o comando do mesmo nunca ter tido aprovação unânime no meio pontepretano”, afirmou Costa ao TODODIA.
Torres blinda vestiário
Mediador no verdadeiro “tiroteio” protagonizado por situação e oposição, o presidente do Conselho Deliberativo do Guarani, Edson Torres, toma todos os cuidados possíveis para que a crise política fique apenas nos bastidores e não invada o vestiário do time profissional. “Acho que essa discussão ainda não chegou ao elenco. Vamos torcer para que o clima político não piore e venha atrapalhar o time”, afirmou Torres.
Porém, ele não fica em cima do muro e critica algumas atitudes, como a de conselheiros que desejam entrar na Justiça para verificar se o edital de convocação da reunião do dia 26 foi fraudada de maneira deliberada pelo Conselho de Administração.
“O clube tem no seu estatuto maneiras para avaliar isso e punir quem deve ser punido, que é a Comissão de Ética e Disciplina. Nós pedimos explicação e vamos aguardar. Se a resposta não for convincente pensaremos em outra alternativa. Os problemas do Guarani precisam ser resolvidos dentro de casa e não expô-los internamente”, arrematou.