Torcedores de outros países não poderão assistir às Olimpíadas de Tóquio, que acontecerão entre 23 de julho e 8 de agosto deste ano, devido aos riscos sanitários ligados à Covid-19, anunciaram os organizadores neste sábado (20).
“A fim de esclarecer a situação para aqueles que compraram ingressos e que moram no exterior e permitir que possam ajustar seus planos de viagem neste momento, as partes do lado japonês concluíram que essas pessoas não poderão entrar no Japão durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos”, afirmaram os organizadores em um comunicado.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paraolímpico Internacional (CCI) “respeitam e aceitam plenamente essa conclusão”, acrescenta o texto.
Cerca de 600 mil ingressos das Olimpíadas comprados por residentes do exterior serão reembolsados, assim como outros 300 mil ingressos das Paraolimpíadas, disse Toshiro Muto, presidente-executivo do comitê organizador de Tóquio-2020, em entrevista coletiva. O dirigente afirmou que os custos de cancelamento de hotéis não serão ressarcidos.
Muto se recusou a declarar quanto o reembolso custará. Os detalhes da devolução do valor dos ingressos deverão ser divulgados em breve.
O veto de estrangeiros nas Olimpíadas de Tóquio é um fato histórico. “Nunca aconteceu de espectadores estrangeiros serem proibidos de entrar no país-sede dos Jogos, nem mesmo durante a gripe espanhola em Antuérpia em 1920”, afirma Jean-Loup Chappelet, professor emérito da Universidade de Lausanne (Suíça) e especialista em Jogos Olímpicos.
A Folha mostrou em janeiro que entre brasileiros que compraram ingresso para Tóquio o receio de não conseguir assistir aos Jogos é grande, e há inclusive quem entenda que, excepcionalmente, a Olimpíada deva ser apenas para os atletas.
Na segunda-feira (8), uma pesquisa do jornal japonês Yomiori Shimbune apontou que apenas 18% dos entrevistados eram favoráveis ao país receber estrangeiros no evento, enquanto 77% eram contrários. Sobre haver público ou não, seja de onde for, 48% defendeu que as arquibancadas devem ficar totalmente vazias, enquanto 45% afirmou ser possível haver plateia.
A Olimpíada de Tóquio foi adiada de 2020 em razão da pandemia do coronavírus. Como a situação mundial ainda não parece próxima de estar controlada, uma série de medidas foram divulgadas com relação aos atletas pelos organizadores.
Eles serão testados frequentemente, ficarão em uma “bolha” e não poderão viajar a turismo durante o evento.
Recentemente, houve uma troca de comando no comitê organizador. Após fazer comentários machistas, Yoshiro Mori renunciou ao cargo de presidente. Seiko Hashimoto, 56, ex-atleta que competiu em sete Olimpíadas, assumiu em seu lugar.