O megaevento tem sua cerimônia de abertura marcada para 23 de julho, após o inédito adiamento provocado pela pandemia de Covid-19 em 2020
Os Jogos Olímpicos de Tóquio terão o limite máximo de 10 mil espectadores por evento em cada uma das arenas, anunciou nesta segunda-feira (21) a organização.
O megaevento tem sua cerimônia de abertura marcada para 23 de julho, após o inédito adiamento provocado pela pandemia de Covid-19 em 2020. Haverá, porém, um alerta para a possibilidade de competições com portões fechados em caso de aumento dos contágios da doença.
No comunicado, os organizadores explicam que o limite será de 50% da capacidade do local de competição, até o máximo de 10 mil espectadores –a minoria das arenas chegará a esse patamar. O Estádio Olímpico, por exemplo, tem 68 mil lugares. Ainda não há uma definição sobre a liberação para a cerimônia de abertura.
“Se houver uma mudança dramática na situação da infecção, talvez precisemos revisar a norma e considerar a opção de não ter espectadores nos locais de competição”, disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike.
A organização afirmou ainda que a decisão sobre o número de torcedores nos Jogos Paraolímpicos, de 24 agosto a 5 setembro, foi adiada para 16 de julho.
Em março, o comitê organizador vetou a presença de espectadores procedentes do exterior devido ao risco de saúde considerado muito elevado, outro fato inédito na história olímpica.
Nesta segunda-feira, as autoridades japonesas deveriam decidir sobre a celebração dos Jogos Olímpicos a portas fechadas ou com a presença de torcedores locais: a segunda opção foi a vitoriosa, mas com um número restrito de espectadores.
A reunião teve a presença de representantes de cinco instituições: o comitê organizador de Tóquio-2020, o governo japonês, o governo de Tóquio, o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê Paralímpico Internacional.
A suspensão do estado de emergência no domingo (20) em Tóquio e em outras localidades foi um sinal positivo aos organizadores, que aguardavam a decisão do governo japonês para determinar se liberariam a presença de torcedores locais e, em caso positivo, quantos.
O governo japonês decidiu manter algumas restrições pelo menos até 11 de julho, e o primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga, advertiu que poderá reforçar as medidas se os casos de Covid-19 aumentarem e o sistema de saúde ficar sob pressão.
O público será instruído a usar máscaras o tempo todo e não gritar, falar alto ou se aglomerar. As pessoas deverão sair de suas casas diretamente para os locais de competição e voltar para elas.
Toshiro Muto, CEO do comitê organizador, afirmou que exigir um teste negativo de Covid-19 ou comprovante de vacinação para os espectadores seria problemático. Essa medida vem sendo adotada em jogos da Eurocopa e na final da Champions League, por exemplo.
Como a carga de ingressos vendidos para residentes japoneses era de cerca de 4,5 milhões inicialmente (parte já havia sido devolvida após o adiamento, no ano passado), haverá um sorteio para determinar quem permanecerá com direito às entradas e quem terá que devolvê-las e receber reembolso (cerca de 910 mil). A expectativa de arrecadação original com essa fonte era de aproximadamente US$ 800 milhões (R$ 4 bilhões).
Antes de a decisão pela liberação parcial de público ser tomada, alguns dos principais especialistas em saúde do Japão disseram que banir os espectadores seria a opção menos arriscada.
“Seria preferível não ter público, do ponto de vista do controle de doenças infecciosas”, afirmou à Reuters Haruka Sakamoto, médico e pesquisador da Universidade Keio, em Tóquio. “Estou preocupado não apenas com o aumento do número de pessoas que vêm assistir à Olimpíada, mas também com o afrouxamento do senso de urgência das pessoas por sediar a Olimpíada com espectadores.”
Segundo pesquisa da Kyodo News divulgada no último fim de semana, 86% dos japoneses estão preocupados com uma nova onda de surto de Covid-19 no país após a realização do megaevento. De acordo com o levantamento, 40% acreditam que os Jogos deveriam ser realizados sem espectadores e 31% que eles deveriam ser cancelados.
A previsão do Comitê Olímpico Internacional é de que 80% dos ocupantes da Vila Olímpica –inaugurada neste domingo– estejam vacinados. No Japão, 7% da população está totalmente imunizada. O número de novos casos de coronavírus e mortes no país está em queda desde a metade de maio. A média dos últimos sete dias é de 1.449 casos diários e 52 mortes.