O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou anteontem a condenação de Anderson Ricardo da Silva a 19 anos de reclusão em regime fechado por participar junto com outros seis torcedores da Ponte Preta do assassinato ocorrido em 15 de março de 2012 do torcedor bugrino Anderson Ferreira. O crime ocorreu após dois derbinhos das categorias sub-15 e sub-17. Ele foi condenado por um júri popular, na noite de terça-feira, no Fórum de Campinas.
No mês passado, Rodrigo de Aguiar Lopes, Jesserson Nery da Silva, Paulo Henrique de Souza Pires Sigoli e Valdir Bajano Junior também foram condenados a 19 anos de prisão em regime fechado e recorrem da decisão em liberdade, um direito também de Anderson Ricardo da Silva. Outros dois serão julgados também em Campinas no dia 12 de fevereiro de 2019. O adolescente na época do crime foi encaminhado a Fundação Casa, cumpriu punição e foi liberado. O nome não foi revelado. O juiz responsável é José Henrique Rodrigues Torres, da 1ª Vara do Júri de Campinas.
A briga entre os grupos de torcedores ocorreu após uma rodada dupla de jogos entre os times sub-15 e sub-17 de Guarani e Ponte Preta. Após a partida vencida pela Macaca por 2 a 1, torcedores do time alvinegro foram escoltados até o Moisés Lucarelli, mas alguns voltaram ao Brinco de Ouro. Foi quando a confusão começou e vitimou Anderson, atingido por pedras e uma barra de ferro. O bugrino teve traumatismo craniano e torácico, foi levado ao Hospital Mário Gatti, mas morreu três dias depois. Sete torcedores foram presos e um adolescente apreendido pelo crime.
Irmão da vítima, Tiago Ferreira afirmou que acompanhou o julgamento e que o resultado não satisfaz totalmente a família em virtude das “brechas” oferecidas pela lei. “A questão é que pelo tempo (de prisão) a justiça nunca será feita. Meu irmão não teve chance de defesa. Ele foi condenado a pena de morte. E eles estão soltos e podem recorrer”, lamentou. “Teremos outra batalha em fevereiro com o julgamento dos outros dois”, disse.
Ex-dirigente de torcida organizada do Guarani, Tiago considera que o fato mudou sua visão em relação ao futebol. Ele afastou-se das torcidas organizadas e hoje só assiste jogos nas vitalícias.
“Tenho dois filhos e prezo que não vão para torcidas organizadas. Espero e farei de tudo para que eles não tenham essa paixão que eu tive um dia e meu irmão teve. Espero que extingam todas as torcidas organizadas, sem exceção”, afirmou.