No fim de março e começo de abril, Sidney Maurício Tempesta, o mestre de capoeira americanense conhecido como Pernilongo, esteve mais uma vez levando seu legado e o nome de Americana e região para a Europa. O mestre cruzou o oceano Atlântico rumo a Sion, na Suíça, onde participou da 25ª edição dos Jogos Europeus e do IV Euro Brasileiro de Capoeira.
Os eventos possuem caráter competitivo e grande relevância no cenário, pois elevam o nome da modalidade pelo mundo, ocasionando uma grande integração de culturas, com a presença de mais de 30 países, inclusive com representantes da África e das Américas.
O mestre Pernilongo foi responsável por ministrar aulas técnicas, participar de palestras, além de ser jurado nas duas competições. Aproveitando a estadia no velho continente, ele também foi para Milão, na Itália, onde participou de um projeto social de um ex-aluno, que trabalha com refugiados.
Viajando pelo mundo há mais de 20 anos, o mestre conta que essas experiências são extremamente enriquecedoras em todos os sentidos, pois eleva o nome da capoeira como uma expressão cultural e um esporte, mas também evolui cada um como ser humano. “A gente conhece gente de vários países, religiões, classes sociais. Para mim sempre foi muito importante viajar porque a gente melhora mentalmente, espiritualmente”, disse ele.
Sobre o esporte, Pernilongo comenta que “hoje a capoeira é do mundo, é um patrimônio material da humanidade. Poucas coisas tem esse título. Então o alemão joga bem, o israelense joga bem, o peruano joga bem”.
O TRABALHO FEITO EM AMERICANA
Muito além de sua passagem pela Europa, o mestre Pernilongo trabalha com a modalidade desde 1988. Aqui em Americana, ele instituiu a sede da escola Abada Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoeira), que fica no bairro Jardim São Pedro.
A escola foi criada na década de 1980 pelo mestre Camisa. Atualmente está presente em diversos estados do Brasil e em mais de 80 países pelo mundo, oferecendo aulas, desenvolvendo projetos sociais e expandindo a cultura.
“Eu falo que é um quilombo moderno, para manter aqui (sede de Americana) nós temos aulas todos os dias, palestras, reflexões, aulas culturais. E Americana está no mundo, na Alemanha, no Japão e em qualquer estado do Brasil. Americana se tornou uma referência pelo meu trabalho e pela sede que vem gente do mundo todo visitar e treinar”, contou o Mestre Pernilongo.
As aulas na sede possuem uma mensalidade aos alunos, mas a Abada Capoeira também realiza diversos projetos gratuitos em pontos da cidade como no Zincão, na praça do São Manoel, no Milton Santos e no Civi (Centro De Integração E Valorização Do Idoso).
O objetivo descrito pelo mestre é sempre utilizar a capoeira como instrumento de ajuda para as pessoas. “A capoeira deixa a pessoa mais feliz, mais leve para enfrentar os problemas da vida e esquivar dos maus caminhos. Eu amo isso aqui, como qualquer trabalho cansa, mas é mais uma missão do que um trabalho”, concluiu.