Vítima de ataque cardíaco, morreu nesta segunda-feira (25), em São Paulo, o jornalista Roberto Avallone, 72. Ele passou de madrugada em casa. Foi levado para o hospital, teve uma parada cardiorrespiratória e morreu.
Um dos nomes mais conhecidos dos programas esportivos da TV brasileira, ele comandou durante duas décadas o Mesa Redonda, programa de domingo à noite na TV Gazeta, que moldou sua imagem que ficou conhecida na televisão brasileira: os gestos exagerados, a (muito) mal disfarçada torcida para o Palmeiras e, principalmente, o jeito de falar.
Quando fazia uma pergunta, fazia questão de falar “interrogação” no final da frase. Ou se afirmava algo, “exclamação”. Dependendo de sua empolgação, também poderia dizer “vírgula” ou “ponto”.
Há telespectadores que ainda lembram até de anunciantes do programa por causa da entonação de Avallone. Como uma marca de sapatos em que ele girava o dedo ao falar o texto, como uma aspas, para dizer que os modelos eram “mezzo punto” (meio ponto).
Era anunciante usado pelo próprio Avallone que tinha dedos maiores em um pé do que no outro. Isso fez com que já no período em que trabalhou no Jornal da Tarde, na década de 60, fosse chamado de “Dedão”. Ele ficava furioso com o apelido.
Tão bravo quanto ficou na briga que teve com o também apresentador Milton Neves, ao vivo, em uma das edições do “Mesa Redonda”. Discussão que teve jeito de debate eleitoral, com mediador, réplicas e tréplicas.
O momento entrou para o folclore da TV brasileira porque como aconteceu em 1997, quando a Internet não estava popularizada, a história correi no boca-a-boca. Não foram muitos os que viram as cenas ao vivo. Até que apareceu uma gravação do programa no YouTube. O clipe dura 40 minutos.
Avallone e Neves anos depois fizeram as pazes.
Formado em ciências sociais, ele começou no jornalismo na versão paulista do jornal Última Hora, dirigido por Samuel Wainer. Ficou 23 anos no Jornal da Tarde, onde recebeu duas vezes o Prêmio Esso de jornalismo.
Entrou para TV Gazeta em 1983 e foi no comando do “Mesa Redonda” que se tonou conhecido do grande público, dentro da fórmula consagrada dos programas esportivos da época: os melhores momentos dos jogos da rodada, presença de jogadores convidados e debates acalorados com os jornalistas defendendo seus times do coração sem dizê-lo abertamente. Cada vez que ouvia insinuação de ser palmeirense, Avallone rebatia que era “jornalismo futebol clube.”
Seu estilo inconfundível criou seguidores, imitadores e fez a festa de programas humorísticos que satirizavam o estilo de programa de debates de futebol do qual Avallone era o maior expoente. Ele não se irritava com isso. Considerava uma homenagem.
Avallone trabalhou em todas as mídias. No rádio, passou por BandNews, Capital, Globo e Jovem Pan. Depois que saiu da Gazeta, trabalhou na Rede TV!, Bandeirantes e Record.
Era convidado de atrações do SporTV e até a morte, apresentava programa na CNT.
O programa “Redação SporTV”, onde ele fazia participações semanais, prestou homenagem a Avallone. Também era blogueiro do UOL. Nas redes sociais, ex-colegas de Avallone lamentaram a morte do jornalista, assim como o Palmeiras.
“A Sociedade Esportiva Palmeiras lamenta o falecimento de Roberto Avallone e deseja toda força aos amigos e familiares do jornalista palmeirense”, diz a mensagem postada pelo clube no Twitter.