sábado, 20 abril 2024

‘Pouco debate e muita gritaria’

Ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, Ana Moser, 50, tornou-se uma das vozes mais ativas do país na discussão sobre política esportiva.

Recentemente, ela se envolveu em debates nas redes sociais a respeito do futuro do Ministério do Esporte, que deve ser incorporado à pasta da Educação no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Na última terça-feira, em evento do Banco Votorantim em São Paulo, quando foi anunciado o apoio financeiro da instituição a projetos sociais esportivos, entre eles o de Ana Moser, a ex-atleta criticou a forma como vem sendo discutido o destino da pasta.

Para ela, mais importante do que debater a existência ou não do Ministério do Esporte é a manutenção de ações que hoje são de responsabilidade do órgão, por exemplo o Bolsa Atleta.

O programa, que existe desde 2005 e possui seis categorias de bolsa, prevê repasses diretos que variam de R$ 370 (atletas de base) a R$ 15 mil (esportistas que disputam pódio em competições mundiais e olímpicas) mensais.

“A pergunta é como ficam esses programas, o orçamento? Qual o plano por trás de tudo isso? A proposta é [fazer] economia ou manter o esporte em outras bases?”, questiona Ana Moser em entrevista à Folha de S.Paulo.

Ela critica, de forma geral, a falta de contribuição de atletas e ex-atletas brasileiros para o tema.
“Conhecem muito pouco, são muito fechados. Muitas vezes, atletas de alto rendimento em atividade estão treinando, jogando, envolvido em outras coisas. Aí falta um pouco de informação, conhecimento de como se viabiliza. Eu tenho visto pouco debate qualificado, tenho visto muita gritaria”.

Medalhista olímpica em 1996, ela já presidiu e hoje faz parte da diretoria da Atletas pelo Brasil, organização que busca melhorias na legislação e em políticas públicas esportivas. Em 2001, criou o instituto Esporte & Educação, que desenvolveu e dissemina uma metodologia de esporte educacional.

Na opinião de Ana Moser, a incorporação do Esporte ao Ministério da Educação até pode ser um caminho, desde que haja uma estratégia definida para isso.

“Teoricamente, o esporte dentro da educação pode ter uma visão mais fortalecida para crianças e jovens, mas sem um plano isso não se garante. Talvez o maior pecado do esporte tenha sido não fortalecer a sua política. A defesa é nesse sentido, manter ações, programas, os meios para viabilizar o esporte no país”, explica.

Recentemente, ela se posicionou sobre o assunto nas redes sociais e criticou manifestações de sua ex-colega de seleção Ana Paula Henkel e dos campeões olímpicos William Arjona (2016) e Gustavo Endres (2004).

“Creio que a contribuição de vocês deveria ser muito mais qualificada, não só repetir os simplismos e generalizações, destruir tudo para reconstruir direito depois, tenha santa paciência. O que vocês conhecem das políticas, programas, estratégias e gestores, onde vocês estavam estes anos todos?”, escreveu no Twitter.

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