sexta-feira, 22 novembro 2024

Quatro grandes clubes de SP acumulam prejuízos de meio bilhão de reais em 2020

Em um ano atípico por causa da pandemia de Covid-19, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos apresentaram seus balanços financeiros com prejuízos milionários. A publicação até esta sexta-feira (30), último dia útil de abril, atende ao que determina a Lei Pelé.

Entre os quatro grandes clubes paulistas, o Palmeiras foi quem apresentou o maior déficit, R$ 151 milhões, enquanto o Santos registrou o menor valor, R$ 119 milhões, em 2020.

O Corinthians, com prejuízo de R$ 123 milhões, e o São Paulo, de R$ 129 milhões, tiveram resultados menos piores em relação ao exercício de 2019.

Isso apesar das consequências da pandemia no caixa das agremiações, principalmente com as perdas de receitas sem a presença de público nos estádios, desde março do ano passado, e a queda com arrecadação dos programas de sócio-torcedor.

A mudança de calendário, com a conclusão da temporada de 2020 somente em março deste ano, também impactou o fluxo de caixa. Boa parte do dinheiro pago pelas emissoras de TV só é contabilizado depois do término das competições.

Na somatória, os quatro principais clubes do estado contabilizaram prejuízos de R$ 522 milhões. E não há expectativa de que o resultado comece a ser revertido a partir deste ano.

“Os grandes de São Paulo tiveram um corte de 9%, em média, no faturamento, e de 23% na receita recorrente. Uma combinação perfeita para um aumento de 18% no endividamento”, analisa Fernando Ferreira, diretor da consultoria Pluri. “O grande drama é que o futebol é um mercado fechado, não recebe investimentos com facilidade, e os clubes continuam gastando mais do que arrecadam.”

No caso do São Paulo, chama a atenção que, em comparação com o balanço financeiro de 2019, no qual registrou um prejuízo de R$ 156 milhões, há uma rubrica de contingência de R$ 11,8 milhões em 2020 ante R$ 81,4 milhões no ano anterior. Como a palavra sugere, trata-se de uma despesa que poderá ser confirmada ou não.

Impulsionado em boa parte por essa contingência, as despesas operacionais do São Paulo tiveram uma queda de R$ 554 milhões, em 2019, para R$ 488 milhões em 2020, o que ajuda a explicar a redução do prejuízo. O faturamento foi de R$ 358 milhões, em 2020, ante R$ 398 milhões na temporada de 2019.

No rol das receitas, o clube embolsou R$ 151 milhões com negociação de direitos econômicos, direitos federativos, mecanismo de solidariedade e empréstimos de atletas, principalmente com a venda de Antony para o Ajax (HOL).

O Corinthians, que também conseguiu reduzir o prejuízo, turbinou sua receita com R$ 189 milhões de transações de atletas. Mesmo assim, desde 2017 a agremiação tem fechado no vermelho.

O Palmeiras, com uma temporada repleta de títulos, é claro exemplo de como a pandemia afetou as finanças. Em seu orçamento, o time previa lucro de R$ 12 milhões (após lucrar R$ 1,7 milhão em 2019). Mas encerrou o ano com perdas de R$ 151 milhões.

Não foram somados cerca de R$ 176 milhões recebidos como premiações pelas conquistas da Copa Libertadores, em janeiro, e da Copa do Brasil, em março.

Sem público nos estádios, o alviverde viu sua arrecadação com jogos despencar 86%: de R$ 61 milhões para R$ 8 milhões. Em cotas de televisão, a queda foi de R$ 216 milhões para R$ 169 milhões.

No Santos, depois de um lucro de R$ 23 milhões, o clube apresentou prejuízo graças à queda de receitas de quase R$ 160 milhões -R$ 240 milhões, em 2020, contra R$ 399 milhões, em 2019.

Essa disparidade, em parte, era prevista porque a agremiação contabilizou, em 2019, R$ 215 milhões com a transação de jogadores. Desse montante, somente a venda do jovem atacante Rodrygo ao Real Madrid representou R$ 172 milhões. Agora, foram embolsados R$ 83 milhões com esse tipo de negócio.

“Entre os quatro clubes, a situação do Santos é a mais preocupante porque o time dificuldades de ampliar receitas. A cada R$ 1 que entra deve R$ 3,50”, diz Ferreira.

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