Liberado no último dia 7 de abril para prisão domiciliar em um hotel de luxo no Paraguai, Ronaldinho Gaúcho, 40, concedeu uma rara entrevista exclusiva, publicada pelo diário paraguaio ABC Color nesta segunda-feira (27). É a primeira vez que o brasileiro fala sobre sua detenção no país.
O ex-jogador e seu irmão, Roberto de Assis, foram detidos no dia 6 de março acusados de entrarem em território paraguaio com documentos falsos.
A dupla ficou presa de maneira preventiva durante 32 dias em uma penitenciária de Assunção. Na entrevista, Ronaldinho disse que ele e o irmão foram “surpreendidos” ao saber que a documentação era falsa.
“Foi duro, nunca imaginei que fosse passar por uma situação assim. Em toda a minha vida, eu busquei chegar ao mais alto nível profissional e levar alegria para as pessoas com o meu futebol”, disse Ronaldinho, em entrevista concedida no saguão do hotel onde cumpre a prisão domiciliar.
Ronaldinho voltou a afirmar sua inocência na entrevista ao jornal paraguaio. Segundo ele, viajou ao país com contratos firmados por seu irmão para a inauguração de um cassino online e o lançamento de um livro, “Craque da Vida”.
Ronaldinho foi para o Paraguai a convite de Nelson Belotti- um dos donos do cassino Il Palazzo, localizado no hotel em que o ex-atleta estava inicialmente hospedado com seu irmão, Assis – e da empresária Dalia López.
O ex-jogador ficaria de 4 a 7 de março na região de Assunção. Uma página no Facebook, “Ronaldinho en Paraguay”, anunciava quais seriam os compromissos do brasileiro ao lado de Dalia, representante da Fundação Fraternidade Angelical, que teria sido fundada em 2019 e aparece como apoiadora do evento.
A empresária é considerada foragida pela Justiça do Paraguai. Além do envolvimento no caso Ronaldinho, ela é investigada também por ligação com o crime organizado.
“Ficamos totalmente surpreendidos ao saber que os documentos não eram legais. Desde que isso aconteceu, nossa intenção foi colaborar com a Justiça para esclarecer isso. Até hoje, explicamos tudo e facilitamos tudo o que a Justiça nos solicitou”, disse Ronaldinho.
O ex-jogador ainda contou na entrevista ao ABC Color que perdeu o aniversário de seu filho e que seu desejo no retorno ao Brasil é poder dar um beijo em sua mãe.
“A primeira coisa que farei é dar um beijo na minha mãe. Ela vive dias difíceis desde o início da pandemia de Covid-19 na sua casa. Depois será absorver o impacto que essa situação gerou e seguir adiante com fé e força.”
JOGOS NA CADEIA
Campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002, Ronaldinho Gaúcho foi recebido no Paraguai como ídolo.
Sua presença causou alvoroço até mesmo entre agentes penitenciários. No período em que ficou preso no local, gravou vídeos a pedido de outros detentos, jogou futevôlei com eles e participou de jogo do campeonato da prisão. “Não tinha motivos para não fazer isso, ainda mais com pessoas que estavam vivendo um momento difícil como eu”, declarou.