O Santos oficializou nesta sexta-feira (7) o retorno do técnico Cuca. O acordo foi sacramentado no início da tarde, após reunião entre o treinador com o presidente José Carlos Peres e membros do Comitê Gestor do clube. O contrato irá até o final do Campeonato Brasileiro, em fevereiro de 2021.
As partes já tinham conversas alinhadas desde o início da semana. Mesmo antes da demissão do antecessor, o português Jesualdo Ferreira, clube e treinador conversavam sobre um possível retorno.
Pesou para o desfecho a condição financeira avaliada como viável pela cúpula santista em meio a crise que o clube enfrenta nesta temporada. Cuca trará apenas dois integrantes para a comissão técnica, um deles será o irmão e auxiliar Avlamir Dirceo Stival, o Cuquinha, e mais um preparador físico.
Com a volta de Cuca, o ex-meia Renato, que estava no time B, assume como diretor técnico no lugar de William Thomas. O executivo pediu demissão por causa da saída de Jesualdo.
O cenário é bem diferente do traçado para o português. Ele chegou ao clube com pompa de substituto do argentino Jorge Sampaoli e vencimentos superiores a R$ 1 milhão mensais, acompanhado de cinco nomes em sua comissão. O clube vai desembolsar pouco mais de R$ 600 mil com Cuca.
Ele deve reestrear na partida contra o Red Bull Bragantino, domingo (10), às 16 horas, na Vila Belmiro, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro.
Esta será a terceira passagem do treinador pela Vila Belmiro. A última ocorreu na própria gestão de Peres, entre julho e dezembro de 2018. Na ocasião, o treinador surpreendeu ao comunicar um afastamento repentino, mesmo com contrato até 2019, por motivos de saúde. O técnico foi submetido a uma cirurgia para corrigir um problema no coração.
O último trabalho do treinador pelo Santos foi encerrado com 25 jogos. Ao todo, foram nove vitórias, nove empates e sete derrotas, um aproveitamento de 48%. Antes disso, ele teve passagem frustrada, em 2008, interrompida com apenas 14 jogos e três meses incompletos.
O Santos passa hoje em dia por diversas turbulências nos bastidores. Ao todo, são cinco meses de atrasos no pagamento dos direitos de imagem dos jogadores, além da redução salarial promovida pelo clube em meio à pandemia -realizada sem acordo assinado com os jogadores e a antiga comissão técnica.
Na segunda (3), os jogadores solicitaram reunião emergencial com o presidente José Carlos Peres para cobrar explicações pelas verbas que o Santos prometeu desembolsar para a permanência de Yuri Alberto, de cerca de R$ 10 milhões.
No dia seguinte, pelas redes sociais, o clube anunciou ter desistido do plano de manter a jovem promessa e desejou sorte para a sequência de sua carreira no Internacional.
A própria saída de Jesualdo gerou incômodo pela forma como foi conduzida. Ela ocorreu minutos antes do treino e causou surpresa aos atletas, que já aguardavam em campo pelo início da atividade quando foram avisados que o trabalho seria comandado por Pablo Fernandez, técnico do sub-20.
Em 2018, Cuca assumiu o clube em cenário semelhante. A equipe não vencia há oito jogos e estava na zona de rebaixamento. “Podem ter uma certeza: o Santos não cai”, disse à Folha, em entrevista em 8 de agosto daquele ano, pouco após a sua chegada. O clube terminou na décima colocação, com 50 pontos.
Cuca e Peres trocaram uma série de farpas públicas no período. Logo após a eliminação do clube para o Independiente (ARG), pelas oitavas de final da Libertadores da América, o técnico disparou contra o erro da diretoria pela escalação irregular do uruguaio Carlos Sánchez, que custou uma desvantagem de 3 a 0 no jogo de ida, mesmo com o empate por 0 a 0 conquistado em campo. O técnico também reprovou o palpite do presidente com relação ao aproveitamento do costarriquenho Bryan Ruiz. Na ocasião, Peres citou que o meio-campista jogava fora de posição.