Esquecer as turbulências de bastidores e articular uma despedida honrosa da Série B do Campeonato Brasileiro é o objetivo do Guarani no confronto marcado para hoje, às 17h, contra o Brasil, no estádio Bento Freitas em Pelotas (RS). Estacionar nos 50 pontos e deixar a luta pelo acesso fez com que o técnico Umberto Louzer, o preparador Felipe Celia, o auxiliar técnico Caio Autuori e o superintendente de futebol, Luciano Dias fossem desligados na terça-feira.
Como integrantes do Conselho de Administração prometeram anteriormente a manutenção da comissão técnica até a última rodada, o desligamento pegou todos de surpresa e trouxe constrangimento até mesmo ao técnico interino Marco Antonio Ribeiro.
“Estávamos contando com o acesso, por tudo que vinha se desenhando. Aí você vê uma situação dessas, com a saída da comissão, e é horrível. Não esperava mesmo. É vida que segue. Como funcionário do clube, não vejo como oportunidade. Não tenho grandes pretensões. Veio a incumbência e a responsabilidade de representar nesses dois jogos. É um trabalho que faço pelo amor e pela história do Guarani”, lamentou Ribeiro.
“Sensação é horrível. Horrível porque o trabalho era muito bem feito, bem planejado. Sabemos que futebol é resultado, mas as consequências do resultado são muito chatas”, disse o interino.
O clima ficou ainda mais pesado com a entrevista coletiva concedida por Louzer no final da tarde de ontem. Além de confessar sua surpresa pela demissão, ele contou que houve uma tentativa de interferência no seu trabalho. “Jamais daria oportunidade para isso acontecer (interferência na escalação). Houve uma tentativa sim e que todos tomaram conhecimento e que logo foi estancado”, disse o ex-treinador.
Ele não se furtou em contar os detalhes. “Fui convidado para ir a Magnum por intermédio do presidente (Palmeron Mendes Filho). Estavam lá o presidente, o Roberto (Graziano), o Lucas Andrino e o Assis (Oliveira, integrante do Conselho de Administração). Fui lá para conversar sobre o planejamento. Mas chegando lá e foi algo que me deixou decepcionado, foi o questionamento em relação as minhas escolhas e escalações”, relatou.
Ele reafirmou que jamais permitiu qualquer tipo de ingerência. “Deixei muito claro como o Umberto trabalha, fiz um relato de como iniciei minha carreira e contei que em dado momento fiquei desempregado em função de ofertas que me foram feitas. Mas pela educação e por ter respeito pelo meu pai e minha mãe nenhum tipo de interferência eu concedi e nada. Mas ali não comentamos nada a respeito de futebol”, disse o ex-técnico.
Presidente nega influência de terceiros na escalação
Ao tomar conhecimento do teor da entrevista do ex-técnico Umberto Louzer, o presidente do Guarani, Palmeron Mendes Filho, rechaçou qualquer tipo de interferência no trabalho do treinador.
“Nunca houve tentativa de interferência. Umberto está chateado, assim com nós estamos. Ninguém fica feliz após uma demissão”, analisou o presidente bugrino.
“Umberto esteve comigo, uma vez na Magnum. Assim como também estivemos diversas vezes no escritório do Nenê Zini. Nestas ocasiões conversamos sobre futebol e sobre o desempenho da equipe. Elogiamos e criticamos. Mas nunca tentamos influenciar na escalação da equipe”, completou.