Diante da obrigatoriedade do uso de máscara em diversas situações, é comum ouvir reclamações sobre o incômodo provocado pelo item. Independentemente disso, especialistas afirmam que o uso adequado do equipamento de proteção individual é fundamental para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Conforme a situação local da pandemia, cidades como São Paulo têm adotado medidas de flexibilização na quarentena. Nas últimas semanas, a capital paulista reabriu parques, centros esportivos e academias sob regras como o uso obrigatório de máscara e distanciamento social.
Diante de um decreto, Fernando Carmelo Torres, médico do Esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) reforça a importância de seguir a legislação vigente.
“A lei se cumpre, não se discute”, diz. Além disso, a máscara é uma proteção importante e uma defesa adicional caso haja dificuldade para manter a distância correta de outras pessoas durante a prática.
Torres explica que a máscara funciona como uma barreira física entre o sistema respiratório e o ar que está sendo inspirado e expirado. Isso faz com que a pessoa precise forçar um pouco a musculatura respiratória e se canse mais fazendo a mesma carga de exercícios do que faria sem o item.
Devido a este bloqueio, José Rodrigues Pereira, pneumologista da rede de hospitais São Camilo de São Paulo, recomenda que as atividades sejam feitas com intensidade menor do que o habitual para que não haja desconforto.
Com o uso e prática adequada, a máscara não oferece riscos à saúde. A barreira não irá causar sufocamento, hipertermia nem intoxicação por gás carbônico. Na verdade, ela é fundamental para evitar a transmissão e contaminação pelo vírus.
Rodrigo Andrade, professor e coordenador do curso de Educação Física da Universidade Anhembi Morumbi, acrescenta que um eventual esforço ao usar a máscara não causará melhoria no condicionamento físico. “A quantidade de oxigênio transportada é a mesma, o que muda é a força que vai fazer para puxar o ar”, explica Andrade.
O professor explica que a prática esportiva gera uma demanda maior de energia no corpo, fazendo com que a pessoa transpire e respire com mais frequência.
É importante que a máscara seja trocada assim que ficar úmida.
O tempo para isso acontecer depende da pessoa e da intensidade do exercício. De maneira geral, o professor recomenda que isso seja feito a cada 30 ou 45 minutos de atividade.
Segundo Andrade, o aumento acentuado da frequência cardíaca ou quando a pessoa fica mais ofegante do que o habitual para a atividade são sinais de que é preciso diminuir a intensidade do exercício.
O pneumologista José Rodrigues Pereira complementa dizendo que em caso de tontura, sonolência e cansaço desproporcional também é preciso parar. “O objetivo nesse momento é buscar o bem-estar físico e emocional e não, obrigatoriamente, o emagrecimento ou melhora do desempenho atlético”, alerta.
Andrade, Torres e Pereira recomendam levar mais de uma máscara, higienizá-las ou descartá-las após o uso, higienizar as mãos com frequência, utilizar calçados e roupas confortáveis à temperatura e manter distância de outros praticantes. Além disso, prefira academias que agendam o horário e limpe os equipamentos.
Os especialistas também recomendam mesclar a rotina de exercícios com atividades mais simples que possam ser feitas dentro de casa, onde não há riscos de contaminação, se for possível.