Para reduzir a propagação do novo coronavírus, o governador do Estado de São Paulo, João Doria, ampliou na ultima sexta-feira até o dia 10 de maio a quarentena em todas as cidades paulistas, com a manutenção do fechamento do comércio não essencial e a recomendação de que todas as pessoas fiquem dentro de casa. Com o isolamento social, essas mudanças podem gerar dificuldades de adaptação para algumas pessoas, como sintomas relacionados à saúde mental.
“É muito normal [as pessoas] sentirem determinados sintomas neste momento. Não significa que vão ter um quadro patológico de transtorno mental”, explica Graça Maria Ramos de Oliveira, psicóloga do IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas) de São Paulo.
“Caso a pessoa não tenha vulnerabilidade para desenvolver ou um diagnóstico anterior ao isolamento, não é esperado que esses transtornos surjam.”
Segundo a psicóloga, situações difíceis e repentinas, como um desastre, mudam o cotidiano. Assim, é possível que a pessoa tenha sintomas de ansiedade e depressão, que afetam tanto o corpo físico (como náusea, tremores, dores de cabeça e tontura) quanto a parte cognitiva (como dificuldade de concentração, falta de atenção e descuido pessoal).
Denise Pará Diniz, psicóloga comportamental e coordenadora do setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), lembra que a ansiedade é um estado que ajuda a impulsionar as atividades do dia.
Além disso, o ser humano tem sintomas de depressão em alguns momentos, como quando passa por uma grande perda, por exemplo. “Tem que tentar lidar com isso para que não tenha consequências a longo prazo”, afirma Diniz.
A diferença entre a normalidade e um quadro grave é a intensidade e a frequência que esses sintomas aparecem. Ela ressalta que apenas um profissional de saúde mental pode fazer um diagnóstico.
Neste momento de quarentena pela Covid-19, a doutora explica que as pessoas devem gerenciar seus pensamentos, emoções e comportamentos.
Ela sugere a organização de uma nova rotina, conversar virtualmente, consumir informação com responsabilidade, fazer o que gosta, praticar exercícios e se alimentar bem, ou seja, encontrar qualidade de vida.
As psicólogas reforçam a importância de prestar atenção nos sintomas dia a dia e, se for necessário, consultar um médico.