Nos últimos anos, a praia de Caraíva, no sul da Bahia, ficou conhecida por atrair, ao mesmo tempo, pessoas em busca de vida noturna agitada e visitantes que querem a tranquilidade de uma praia quase deserta.
Desde a reabertura da vila para o turismo, no dia 1º de setembro, há mais espaço para praia e atrações ao ar livre. Eventos e shows estão desautorizados, incluindo as tradicionais casas de forró pé de serra, que estão fechadas.
Mesmo aberta para turistas, a região da Costa do Descobrimento está longe de ter o número de visitantes que tinha antes da Covid-19.
O aeroporto de Porto Seguro recebeu até agora cem voos no mês de setembro -antes da pandemia, na baixa temporada, a cidade recebia 520 voos por mês, de acordo com a Secretaria Municipal de Turismo.
Rota
Descer em Porto Seguro é o primeiro passo para quem quer chegar a Caraíva.
Em geral, o deslocamento até a península exige três meios de transporte: avião, carro e canoa. Depois do voo, há 70 km de estrada. Muitas pousadas negociam o serviço de transfer, que custa cerca de R$ 400 para quatro pessoas. Por fim, é preciso atravessar o Rio Caraíva de canoa. São duas horas e meia de trajeto.
Uma alternativa mais rápida e mais custosa é ir de lancha (R$ 2.500 para quatro pessoas). As embarcações saem de Porto Seguro, do condomínio marina Solar do Barão.
Na chegada, é possível avistar a rua principal do povoado, com casinhas antigas multicoloridas. No desembarque, charretes que fazem as vezes de táxi carregam as malas até a hospedagem – carros não entram no povoado.
A vila histórica é o coração de Caraíva, onde se concentram restaurantes, lojas e pousadas –a maioria dos estabelecimentos está aberta e segue normas da vigilância sanitária. O uso de máscara é obrigatório para visitantes e funcionários, e alguns lugares oferecem álcool em gel.
Até agora, Caraíva e a aldeia indígena Xandó, próxima ao vilarejo, registraram 29 casos de coronavírus e nenhuma morte. Com a reabertura, havia receio de que houvesse uma explosão de casos, o que, por enquanto, não aconteceu.
A rua principal concentra o comércio. Vale a pena conhecer alguns espaços, como a loja de cosméticos artesanais Gahyia. O lugar tem como carro-chefe derivados da árvore almesca, comum no sul da Bahia. Óleo essencial, perfume, xampu –tudo feito com a resina da espécie.
No centro também há muitos restaurantes, entre eles o Koa, que reabre em outubro, com peixes na brasa. Se a ideia for beliscar, experimente por R$ 10 o pastel de arraia no boteco do Pará, que fica na passagem de quem volta da praia.
A maioria das hospedagens também fica no centrinho, entre elas a pousada da Barra, que reabre em outubro e é uma das mais antigas da vila. A diária custa a partir de R$ 485 para o casal.
Durante a pandemia, cresce o interesse por opções mais afastadas do burburinho. Para quem quer se isolar, uma alternativa é ficar dentro da Terra Indígena Barra Velha, área dos índios pataxó.
Lá fica o La Boutique Café Caraíva, hotel a 2 km da vila tocado pelo casal Lorruama Ferreira, 26, índia pataxó, e Leandro Mazzini, 43.
São dois chalés de madeira integrados à natureza. Há um jardim com ofurô, redário e cabanas com espreguiçadeiras. Tudo isso de frente para o mar. A diária para casal custa a partir de R$ 300.
Também para os lados da terra indígena acontece a visita à aldeia Porto do Boi. O visitante deve usar máscara e precisa levar seu álcool em gel. Por enquanto, são permitidos grupos com até dez pessoas.
Todo o passeio ocorre em espaço aberto, um centro cultural no meio da floresta. O visitante é recebido por índios pataxó paramentados. Um integrante da aldeia conta um pouco da história do local, seus costumes e lendas.
Depois, acontece o ritual awê, com cantos e danças. Ainda tem pintura de pele, tiro com arco e flecha e banho de ervas. A vivência termina com a degustação de um prato típico: peixe assado em folha de patioba com farinha de mandioca. O passeio custa R$ 70 por pessoa.