Por Mario Eugenio Saturno
Escrevi várias vezes que a prioridade nacional deveria ser a preservação da maior riqueza de uma nação, a água potável. E ainda que ao invés de bolsas para família em situação famélica, deveriam priorizar bolsas-trabalho especialmente para a construção de cisternas no Nordeste, para enfrentar a seca, e nas cidades, para conter as inundações. Mas não tenho ilusões quanto a esse governo que nada tem de patriótico, nem estratégico e nada laborioso.
Além das cisternas, descobri na Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o projeto das Barraginhas que são pequenas bacias escavadas no solo, de 8 a 10 metros de raio e rampas suaves, construídas dispersas nas propriedades com a função de captar enxurradas, controlando erosões e proporcionando a infiltração da água das chuvas no terreno.
Há um livro que pode ser adquirido diretamente do site da Embrapa, escrito pelo Luciano de Barros, engenheiro agrônomo especializado em irrigação e drenagem, e Paulo Eduardo Ribeiro, químico especializado em gestão ambiental. Ambos da Embrapa de Sete Lagoas, Minas Gerais.
A Embrapa desta cidade desenvolveu o Projeto Barraginhas para amenizar a perda de terra e nutrientes arrastados pela erosão, devido ao desmatamento acelerado e introdução de lavouras e pastagens sem os devidos cuidados de conservação de solo e sem a preocupação com reposição de nutrientes. Além do que o gado provoca a compactação dos solos, reduzindo a infiltração das águas das chuvas e provocando a enxurrada e erosão.
O Sistema Barraginhas consiste em dotar as áreas de pastagens, as lavouras e as beiras de estradas, onde ocorram enxurradas, de vários miniaçudes distribuídos de modo que cada um retenha a água da enxurrada, evitando erosões, voçorocas (mega erosões) e assoreamentos, e ainda amenizando as enchentes. Ao barrar a água de uma chuva intensa, as barraginhas darão tempo para que essa água se infiltre no solo, recarregando o lençol freático. Quanto mais rápido essa água se infiltrar no solo, mais eficiente será a barraginha. Assim, ela estará apta a colher a próxima chuva.
A elevação do lençol freático aumenta a disponibilidade de água nas cisternas, propicia o umedecimento das baixadas e até o surgimento de minadouros. Isso ajuda a amenizar os efeitos das estiagens e viabiliza a sustentação de lagos para criação de peixes e o cultivo de hortas, lavouras e pomares, gerando um clima de motivação entre os agricultores, e proporcionando mais trabalho e renda. Este sistema de captação de água de chuvas funciona muito bem no semiárido brasileiro que tem precipitações de 500 milímetros a 1.800 milímetros, mas o maior problema é a má distribuição dessas chuvas.
O governo não precisa ir a Israel buscar tecnologia não apropriada para resolver todos os nossos problemas, a prataria da casa é fina e bonita, mas precisa que deputados e senadores a conheçam e promovam.