quarta-feira, 26 novembro 2025
CRÔNICA

Democracia

Pensar a democracia é ir além da igualdade: é pensar na equidade
Por
Rev. André Luís Pereira
André Luís Pereira – Ministro Presbiteriano e Psicanalista Clínico

Difícil é lidar com a tal democracia. Muito embora muita gente fale sobre sermos democráticos, na prática, quando a democracia não atende às nossas vontades, sentimos como se uma injustiça houvesse sido cometida.

A democracia exige que o povo que opta por ela seja menos egoísta, pois, se a decisão da maioria determina as regras, as minorias precisam respeitar e se submeter às deliberações.

Mas até mesmo as reuniões familiares encontram dificuldades em ser democráticas.
Quando um parente se zanga com a escolha da maioria, geralmente é a maioria que fica constrangida por desagradar o parente mais infantilizado. Então surgem novas propostas para, de alguma maneira, atender ao zangado.

Mas esse é um ciclo sem fim: sempre haverá alguém que não se encaixa nas decisões democráticas e que trará constrangimento ao grupo.

Então, o que fazer?
Penso que não há alternativa senão amadurecermos diante de uma estrutura democrática.

O problema é que, nos últimos tempos — talvez por influência de uma pseudo-filosofia coaching — poucas pessoas sabem lidar com as perdas que são próprias da vida social. Uma boa parcela da população está se tornando cada vez mais infantilizada e, portanto, incapaz de lidar com frustrações.

A partir disso, a democracia demora a se estabelecer de forma mais saudável.

É preciso amadurecer à medida que envelhecemos
Um homem ou uma mulher já não é mais um menino ou uma menina; por isso, sua condição emocional e cognitiva precisa acompanhar sua idade biológica.

A vida é feita de frustrações, de negações
Ela é composta pelo outro — seja ele próximo ou distante, conhecido ou desconhecido.
Não vivemos em função apenas do que é nosso ou do que queremos.
A única forma saudável de existir é aquela que pode ser compartilhada; do contrário, adoecemos.

Portanto, enquanto cidadãos, precisamos amadurecer e compreender as estruturas sob as quais a vida se estabelece, para que possamos viver melhor: respeitando o direito e a vez dos outros, ao mesmo tempo em que respeitamos os nossos próprios direitos e a nossa vez.

Pensar a democracia é ir além da igualdade: é pensar na equidade.
Portanto, pensemos nisso.

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