Por Ailton Gonçalves Dias Filho, pastor presbiteriano
Certa feita fiz uma viagem a Manaus. Um calor insuportável e um povo maravilhoso. Lembro-me de um amigo pastor que conheci por lá que dizia que o nosso Deus é “Deus desenfadado”. Dizia ele: “Eita Deus desenfadado”. Gostei da expressão e da verdade que ela encerra.
A expressão me fez lembrar os velhos profetas. Lembrei do profeta Miqueias que dizia que o Senhor Deus chamava Israel para uma controvérsia e perguntava: “Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me? “E, a partir daí, o Senhor Deus vai lembrando os gloriosos feitos Dele em favor de seu povo. Enfadar, segundo o dicionário, é “entediar (se), enfastiar (se), aborrecer (se)”. Enfado é tédio, fastio, aborrecimento. Tudo o que Deus não é. Deus não é tédio. Deus não é fastio. Deus não é aborrecimento.
O Deus que se revela nas Escrituras é Deus gracioso, de pura bondade e amor. Sua revelação é progressiva e vai encontrar seu clímax na pessoa de Jesus Cristo. É Jesus Cristo que nos ensina que este Deus desenfadado é Deus que se revela como “Pai nosso”. Um Deus que é Pai e que nos trata como filho. Este Deus não pode ser e não é enfado. Sua presença causa em nós prazer. O fardo dele é suave e leve. Sua proposta para o homem, sua obra prima, é de vida e vida de qualidade, abundância.
A religião, se não tomar cuidado, pode apresentar um deus enfadado. Um deus que aprisiona e oprime. Um deus que tira nossa qualidade de vida. Um deus ladrão, que inverte valores, que chama o doce de amargo e o amargo por doce.
O Deus das Escrituras é Deus festeiro, que se alegra quando o filho volta para casa. É Deus que celebra a vida. É Deus que tem prazer na misericórdia e no perdão. É Deus que não anota débitos e nem créditos. Simplesmente nos trata com a sua graça, maravilhosa graça. É Deus que nos conduz em triunfo. É Deus que nos reconciliou consigo mesmo na pessoa de Jesus Cristo. Ou, no dizer do pastor lá de Manaus, é Deus desenfadado. Eita Deus desenfadado! Este é o nosso Deus!
É isso!