terça-feira, 16 abril 2024

É preciso imunizar os pequenos negócios já

No último 11 de agosto, com um misto de perplexidade e esperança (com um traço de ceticismo), recebemos o anúncio que a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra o Covid-19, deixando para trás 165 candidatas, das quais os experimentos mais adiantados – China (3), Estados Unidos (1), Alemanha/Estados Unidos (1) e Inglaterra (1). Subtraindo a corrida nada salutar entre política e marketing, a busca mundial pelo tratamento, imunização e cura traz lições importantes a todos nós. Não há dúvidas que a pandemia escancarou uma série de comportamentos e ações desastrosos, mas também trouxe à tona empatia, solidariedade, capacidade de reinventar-se, de trabalhar conectados, criatividade, baseados em valores e propósito relevantes.

Acredito que são nesses pontos que temos que centrar os esforços não apenas para cura da doença, mas também para quebrar as barreiras perversas que a pandemia nos trouxe, como a alta escalada do desemprego, que pode chegar a 20% da população economicamente ativa, a mortalidade de empresas, em especial dos pequenos negócios, a consequente queda do Produto Interno Bruto (PIB) e o aumento exponencial da desigualdade social.

Os números indicam a importância de concentrar conhecimentos, experiências e decisões em soluções dirigidas aos pequenos negócios. No Brasil são mais de 17,7 milhões de empreendimentos de pequeno porte (que faturam até R$ 4,8 milhões), responsáveis por 54% da ocupação com carteira assinada e 30% do PIB.

Segundo estudo do Sebrae, quase 13 milhões desses negócios foram severamente impactados, sendo a grande maioria (5,5 milhões) de microempreendedores individuais, o primeiro step na jornada do empreendedorismo formal). Os negócios mais vulneráveis concentram-se no estado de São Paulo (3,5 milhões de estabelecimentos) e o maior impacto está nos setores de comércio e serviços.

Estima-se que nos últimos quatro meses de pandemia, mais de 3 milhões de empresas já encerraram suas atividades ou estão prestes a fazer isso, por conta da dificuldade em honrar suas contas, gerando passivo na ordem de R$ 106 bilhões, e mais de 500 mil demissões. Então, o que fazer?

Assim como os dados que mostram o impacto da pandemia nos pequenos negócios nos alertam para os riscos de quebradeira, os resultados que conseguimos com a “vacina” linhas de crédito mais baratas, desburocratizadas e acessíveis indicam que, quando se associa conhecimento, vontade e decisão, é possível vencer a corrida pela manutenção e fortalecimento de empresas e empregos, grande e importante passo da retomada, que exige correção de rumos e olhar atento às oportunidades.

Não é uma equação simples, mas é totalmente factível. E começa pela maneira como você responde à pergunta: em que time você está – no que permite a quebradeira ou no que vislumbra novas oportunidades e opta por construir?

Escrito por: Tirso Meirelles, presidente do Sebrae em São Paulo
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