quarta-feira, 24 abril 2024

Encontrei o limite. E agora?

Talvez a rotina que me cabia antes, já não me caiba mais. Sei que sou uma mistura de fases e que o que hoje me faz bem, amanhã talvez nem sentido faça, mas se tem algo que ficou muito claro a mim durante a pandemia foi que algumas situações já não me servem mais. 

É curioso como, com o tempo, vamos nos cansando. Sei que há circunstâncias na vida em que não escolhemos e sim somos escolhidos, mas estas particularmente, que chegam sem que sejamos consultados, são as que mais nos deixa fartos ao longo do tempo. Refleti muito e sobre várias coisas durante a quarentena, e alguns desses pensamentos cheguei até a dividir com vocês por aqui, mas definitivamente e indiretamente, existem momentos em que o meu corpo exerce a insatisfação completa sobre as mais distintas situações. 

Não sei se pela pressão ou o dever em atender toda a carga que exerço, me sinto no limite. Como se fosse sair do meu equilíbrio a qualquer instante. Venho sentindo também que preciso de uma pausa. Agora, como exercê-la? Estou privado de qualquer escolha! Não existe essa permissão. Em meio às horas me perco dentre o que é dever e o que de fato gosto e me sinto bem fazendo. Aos poucos isso vai gerando uma confusão mental em mim e que, em uma hora ou outra, ocasionará em escolhas erradas. 

Sempre busquei por segurança, estabilidade e manter a mente equilibrada. Confesso, tem sido difícil. Se não bastassem as influências externas, minha própria cabeça tem me gerado o oposto: inseguranças e questionamentos mil. “E se”, “será”. Não tenho respostas e nem sei se quero encontrar. Por mais subjetivo que soe esse texto, acredito que muitos de vocês se identifiquem com a narrativa. 

Gostaria de levar meus dias com leveza, sorrisos e no meu tempo natural. Mas a todo instante sou incitado a ir mais depressa, a atender todas as solicitações que me auto designo e que os outros também solicitam. 

Sempre achei que soubesse o que era o limite, mas sempre fiz questão de o levar adiante. Daí o alerta, não dá mais. Preciso reconhecer que desse ponto não posso passar e que escolhas deverão ser feitas. E como proceder num caso onde não se quer abrir mão de nada? 

Tenho buscado recuar e reconhecer que não consigo abraçar tudo. Mas não nego a minha irritação pelas cobranças que continuo a receber. Talvez precise humanizar as pessoas sobre os nossos limites naturais e alertá-los de que fazemos o que podemos. Aliás, nos últimos dias uma frase ecoa constantemente em minha mente: “Somos o que conseguimos ser e não o que gostaríamos de ser”. 

Mas a verdade é que me importo, sabe? Não pelos os outros, mas por mim mesmo. Não é sobre eles, é sobre a minha pessoa. 

Vivo pensando no legado que deixarei e em como as pessoas me enxergam. Temo até perguntar, pois das pequenas amostras que recebi, sempre me enxergam diferente de como me vejo. Positivamente até. E é assim, porque ninguém, além de mim, tem acesso à confusão e conflitos que enfrento internamente. Na maioria das vezes os escondo, mas por vezes acabam por transparecer através de gestos ou feições. 

Mas o ponto aqui é que encontrei o limite. A dificuldade, então, está em escolher do que abrir mão. Do que é necessário, do que gosto, ou da culpa que sinto por querer abraçar tudo e acabar não desempenhando a melhor versão de mim em tudo o que faço? 

 

Escrito por: Marcos Barbosa | Jornalista e Apresentador  

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