
“A pressa de hoje pode ser a incompetência de amanhã. E esse preço, mais cedo ou mais tarde, recai sobre todos. Por isso, a lógica das empresas não deve ser aplicada diretamente na educação.”
No mundo dos negócios, as empresas estão sempre buscando duas coisas: velocidade e eficiência. Elas querem entregar produtos e serviços o mais rápido possível, gastando menos e produzindo mais. Isso faz sentido no mercado, onde quem se adianta muitas vezes sai na frente da concorrência.
Mas será que essa mesma lógica funciona na educação?
Na escola, aprender não é uma corrida. Entender um assunto, pensar com clareza e aplicar esse conhecimento na vida real leva tempo. Quando tentamos acelerar esse processo, corremos o risco de formar alunos que sabem repetir informações, mas não conseguem pensar de forma crítica nem resolver problemas com profundidade.
Enquanto no mundo empresarial a velocidade pode significar vantagem, no ambiente educacional ela pode atrapalhar. Quando o ensino é apressado, os alunos aprendem de forma superficial. E, quando o foco está apenas na eficiência — ou seja, em ensinar o máximo possível no menor tempo possível —, a compreensão verdadeira é deixada de lado.
Além disso, as empresas valorizam a facilidade nos processos: menos burocracia, mais tecnologia, tudo automatizado. Na educação, isso pode ser perigoso. Aprender exige esforço. É enfrentando dificuldades que o estudante desenvolve raciocínio, criatividade e capacidade de resolver problemas. Se tudo for fácil demais, corre-se o risco de formar profissionais que, apesar de terem diplomas, não estão preparados para os desafios reais do mundo do trabalho.
Por isso, é importante entender que empresa e escola têm objetivos diferentes. Uma busca lucro e resultados rápidos; a outra precisa formar cidadãos críticos, éticos e autônomos — e isso não se faz com pressa.
Evidentemente, a educação pode aprender com a boa gestão das empresas, tornando-se mais organizada, mais adaptável e mais moderna. Mas sem perder sua essência. Porque, no fim das contas, a pressa de hoje pode se transformar na incompetência de amanhã, tanto para quem aprende quanto para as empresas que vão contratar esses profissionais.
Com a chegada da Inteligência Artificial (IA), a educação não necessariamente precisa ser mais rápida, mas deve possibilitar que o aprendizado seja mais profundo. Assim, o foco deixa de ser quanto se aprendeu e passa a ser como se aprendeu e o que se faz com esse conhecimento. Ou seja, cresce a importância do processo educacional mais do que do resultado educacional.
Mas esse assunto fica para um próximo texto.