Infelizmente não há como segurar a massificação da comemoração do tal de “Halloween” no Brasil. Parece-me que é algo que veio para ficar. Vejo, todos os anos, as escolas se mobilizando com ornamentações cada vez mais ousadas e trabalhadas para a ocasião. Justo as escolas? Templos do saber? É verdade que a grande maioria são as escolas da língua inglesa, mas foi por aí que a invasão do “Halloween” começou.
A despeito da confusa origem do “Halloween”, minha preocupação nunca foi religiosa. Minha preocupação, desde a época que meus filhos estavam no colégio, sempre foi cultural. “Halloween” não tem absolutamente nada com nossa rica cultura brasileira. Absolutamente nada. É cultura anglo-americana, importada da outra América. Percebo hoje que até as empresas de pequeno e médio porte incentivam seus funcionários a irem para o trabalho com fantasias alusivas à data. Uma lástima. Uma tristeza. Uma anomalia cultural, dando razão ao dramaturgo Nelson Rodrigues que dizia de nosso “complexo de vira-latas”.
Imagino o velho Monteiro Lobato falando sobre o assunto, se vivo fosse. Ou, mais perto de nós, o velho Ariano Suassuna, com sua simplicidade, dando-nos uma aula sobre o valor de nossa cultura verde e amarela. Me assusta a falta do pensar. Pensar criticamente. Pensar criteriosamente, colocar nossa massa cinzenta para funcionar. Alô, professores! Alô, professoras! Alô, povo brasileiro! Nossas crianças e nossos adolescentes merecem nosso respeito e carinho e contam com nossa inteligência.
Respeitemos nossa cultura! Podemos e devemos ser abertos às demais culturas. Isso é enriquecedor. Mas, esta importação desenfreada, no caso do “Halloween”, empobrece nossa cultura e história. Sem histeria e sem neuroses religiosas, respeitemos nossa cultura. Sejamos mais criteriosos. Vale o conselho do velho apóstolo, que dizia: “usem o bom senso a todo custo e apeguem-se ao que for bom”.
Viva a cultura brasileira!
É isso!