sexta-feira, 25 abril 2025

Huguenotes

Por Ailton Gonçalves Dias Filho, pastor presbiteriano
Por
Ailton Gonçalves Dias Filho
Foto: Arquivo Pessoal

O dicionário Aurélio define a palavra “huguenote” como uma “designação depreciativa que os católicos franceses deram aos protestantes, especialmente aos calvinistas”. Ela é uma transliteração do francês “huguenot”.

O que o Aurélio não apontou foi que, em 10 de março de 1557, os franceses huguenotes celebraram o primeiro culto de vertente reformada das Américas. O Brasil estava ainda “nascendo” quando, no Forte Coligny, construído sob a direção de Nicolas Durand Villegagnon, na Baía de Guanabara, foi celebrado o tal culto. O pregador foi o pastor francês Pierre Richier, usando em sua homilia o Salmo 27.4. O hino cantado foi baseado no Salmo 5, do Saltério de Genebra.

Alguns dias depois, em 21 de março de 1557, no mesmo Forte, celebrou-se a primeira Eucaristia, nos moldes de uma igreja reformada. Era a aventura da França Antártida, sufocada mais tarde por Mem de Sá e seu sobrinho Estácio de Sá. Os livros de história falam muito pouco sobre esse fato.

O interessante é que, os huguenotes, fugindo de um conflito religioso na Europa, acabam encontrando o mesmo conflito aqui no espaço apertado do Forte Coligny. Não demorou muito para que o convívio entre Católicos e Protestantes ficasse impossível. O próprio comandante Villegagnon iria mandá-los de volta para o continente europeu. Por causa da precariedade do navio, alguns deles voltam à Baía de Guanabara e caem nas garras de Villegagnon. Dos cinco que voltaram, três foram covardemente assassinados. Antes da morte, escreveram um documento que passou para a história como a “Confissão Fluminense”, expondo, de forma sintetizada, a fé reformada. Vieram em busca de liberdade religiosa e encontraram a morte. Foram os primeiros mártires da fé reformada das Américas.

Às vezes me pergunto “O que seria de nosso país se a ‘invasão francesa’ desse certo? Ou, a ‘invasão holandesa’, no nordeste do país? Que rumo o Brasil tomaria? Que país seríamos hoje?”. A fé cristã, de vertente reformada, só chegaria ao país definitivamente em 1855, com os Kalley, e, em 1859, com o missionário Ashbel Green Simonton, quase 300 anos depois dos huguenotes.

Hoje, 467 anos depois da chegada dos huguenotes, presto minha singela homenagem aqueles mártires da fé cristã em nossa sofrida América.

É isso!

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também