sexta-feira, 18 abril 2025
ARTIGO

Metamorfose das identidades das pessoas nas organizações

Por
João Ulysses Laudissi
Foto: Divulgação

No processo de admissão de uma pessoa para compor um quadro de funcionários, ou de um cargo representativo na política, deparamos com candidatos expondo convincentes apresentações, promessas e respostas que impressiona e nos convence.


Aí, votamos favoráveis à admissão do candidato. Agora, já no cargo e após algum tempo, essa pessoa passa a ignorar o que prometeu, uma vez que as prioridades dela passaram a ser outras e mais voltadas às defesas de certos interesses particulares. Interesses estes que sempre estiveram na sua agenda secreta, mas foi muito bem camuflado no desenrolar do seu processo seletivo.


Outro ponto do tema em desenvolvimento é o de que não podemos ignorar que no cenário organizacional contemporâneo, onde tudo se metamorfoseia rapidamente, a identidade das pessoas nas organizações tornou-se um processo longínquo de ser uma estrutura fixa e imutável, pois a existência das interações, normas, valores e culturas institucionais estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, o que acaba fazendo com que a identidade individual seja constantemente negociada entre o “eu” que a pessoa traz de sua história e o “eu” que o grupo em que está inserida espera ou permite que ela exerça.


Um fator que também precisa ser observado é que quando a pessoa ingressa em uma organização inicia-se um processo de socialização organizacional. Nessa fase é quando surgem os conflitos entre às características do grupo já existente e a pessoa entrante. A pessoa entrante passa a defrontar com possíveis “conflitos” entre o que ela é e o que a organização exige que ela seja, mas como a pessoa recém-chegada quer pertencer ao grupo acaba esquecendo algumas de suas antigas “promessas” e as adormece momentaneamente, ou para sempre, os seus antigos valores individuais para acolher os valores do grupo para ser aceita.


Disso, um chamamento de aprendizagem nos chega. Ao selecionar/escolher um representante para defender uma causa é preciso ter certeza de que o mesmo detém competências para transitar entre diferentes culturas organizacionais sem perder a sua identidade individual preservando a sua identidade coerente e sólida em meio a tantas reconstruções exigidas pelo grupo que irá integrar.


Diante desta reflexão, ciente de que algumas organizações são verdadeiras fábricas de descaracterização onde a pessoa precisa renunciar a traços importantes de sua identidade para ser aceito, reconheço também que outras promovem ambientes que valorizam a diversidade, a autenticidade e o desenvolvimento pessoal e concluo que em um mundo em constante mutação o equilíbrio entre adaptação e coerência interna é a chave para a construção de identidades organizacionais saudáveis e produtivas essenciais tanto para as pessoas em sua busca por autenticidade e pertencimento, quanto para as organizações, que precisam compreender que colaboradores íntegros e conscientes de sua identidade tendem a ser mais engajados, criativos e resilientes.

Por Eng João Ulysses Laudissi

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