Recebi com muita tristeza, na última semana, a notícia sobre o fechamento do campus de Santa Bárbara d’Oeste da Unimep, Universidade Metodista de Piracicaba. Apesar dos problemas administrativos, muito claros inclusive e que se arrastam há anos, é doloroso ver que o local onde você sonhou estudar, se formou e viveu momentos únicos na vida podendo chegar ao fim.
O fechamento da unidade de Santa Bárbara é apenas um reflexo do mau uso das finanças da instituição, que conta com outras bases, como a do Taquaral em Piracicaba e a de Odontologia, em Lins. É só observar o valor cobrado pelos cursos que você verá que dinheiro não era o problema. Aliás, nos quatro anos que lá estudei, vi aquele lugar abarrotado de estudantes e o valor da mensalidade só subir.
Sempre bem vista e querida, não só na cidade de Piracicaba, mas em outras do interior paulista, a universidade sempre foi reconhecida pela qualidade de ensino e corpo docente. Seus cursos sempre bem avaliados pelo MEC, dentre três e cinco estrelas.
Meu último ano lá foi caótico. Tivemos que lidar com a mudança na administração, a falta de comunicação entre gestão e professores, além da carência de suporte da própria universidade com seus alunos.
Sistemas não funcionavam. Professores com salários atrasados. Já era anúncio de que só pioraria. Corta para 2021 e cá estamos. Lembrar do campus Taquaral e dos dias que lá vivi só me trazem lembranças felizes. Lá convivi com pessoas que só enriqueceram em conversas e em conhecimento. Ganhei muitos amigos, me descobri como pessoa e profissional e de quebra conheci o meu companheiro de vida.
A experiência de estar em uma universidade é incrível. Você é convidado a debates sobre assuntos importantes, realiza trabalhos que enchem os olhos ao recordar, e tem acolhimento. E isso não só por parte de amigos alunos, mas também por professores e funcionários.
Em cada canto daquele campus, uma história. Uma lembrança. Desde as conversas e shows no palco aberto aos espetáculos, peças teatrais e fóruns que a universidade recebia em seu salão verde e teatro principal. A biblioteca então, de cair o queixo. Um prédio todo dedicado a um acervo cheio de livros e escritores que só acrescentaram, relevantemente, aos trabalhos que tive o prazer de apresentar.
Por mais que digam que é por um tempo e que todo esse movimento faça parte de uma reestruturação, podendo em breve retomar o que era antes, tenho minhas dúvidas. De uma hora para outra grande parte dos alunos foram surpreendidos com as mudanças e a transferência de suas matrículas para outras faculdades. Como isso se explica? Faltou cuidado e respeito com todos os clientes que se dedicam a pagar pelo serviço que estão comprando, e assim acreditam, na credibilidade e qualidade de ensino da Unimep.
Cursos de tradição, como o de jornalismo, sendo fechado com alunos matriculados e sem nenhuma satisfação? É de causar revolta! Lá me formei e posso falar com propriedade. Faltavam, sim, investimentos em equipamentos e estúdio, mas sobravam disposição e força de vontade por parte de todos os profissionais na realização dos trabalhos. Embora presuma que assim seja, espero que essa história não chegue ao fim. Afinal, não se trata apenas da trajetória de uma universidade, mas também de tantos que por lá passaram e em como a experiência impactou a vida de todos.